Aluno da rede estadual passa em 1º lugar em direito na Ufba

Às 6h30, o despertador toca. Meia hora para o café da manhã. Das 7h às 12h, imersão nos livros de história, filosofia, português e prática de redação. Almoço das 12h às 13h, sem perder o foco nas videoaulas. Matemática das 14h às 16h. Das 18h até meia-noite, é hora de revisar e aprimorar outras matérias.

Por Henrique Almeida, do A Tarde 

Luciano da Matta | Ag. A TARDE | 05.02.2018

Esse foi o caminho percorrido pelo estudante formado como técnico em segurança do trabalho pelo Centro Estadual de Educação Profissional (Ceep), no bairro da Caixa d’Água, Lívio Pereira, 18, para ser aprovado em primeiro lugar no curso de direito da Universidade Federal da Bahia (Ufba).

Morador do bairro da Boca do Rio, Lívio explica que, em 2017, preferiu se dedicar principalmente a matemática e redação, onde ele obteve as notas 730 e 920, respectivamente. “Eu não sou gênio. Me dediquei bastante e tive foco. É possível alcançar os objetivos. Colocava um toque motivacional no meu despertador como ‘dormir não lhe torna advogado’ ou ‘vamos lá espartano’. Estudava matemática todos os dias. Fazia redações. Gostaria que mais alunos da rede estadual se destacassem. Não queria ser exceção”, diz ele.

O curso de direito não era a primeira opção. Ele queria fazer psicologia. “Certo dia, vi um escritório de advocacia e fiquei me imaginando naqueles ternos bem legais. Quando vi a grade curricular de direito, me apaixonei”, afirma.

O apoio da família foi fundamental para que o estudante alcançasse o objetivo. “Ele teve êxito. Tudo é força de vontade. Agradeço por tudo, em primeiro lugar a Deus. Estarei sempre aqui para apoiá-lo”, diz o pai Antônio Carlos Trindade, 48.

Para Lívio, a escola foi determinante. “A educação é como uma corrida. Há pessoas que têm acesso à pista de qualidade, outras têm a uma com muitos buracos. Mas é possível desvencilhar os percalços e chegar até o final da maratona”.

*Sob a supervisão da editora Meire Oliveira

+ sobre o tema

Ocupação na faculdade não é a mesma coisa

Ex-secundaristas de estaduais ocupadas se desencantam com ocupações da...

A escola que desejo

Vou contar um segredo para você. Mas ao contrário...

Estudante da UFRJ comove a internet com declaração do pai semianalfabeto

Por Daniel Silveira Do G1 Ela criticou quem debocha das pessoas...

II Edital Gestão Escolar para a Equidade – Juventude Negra

Vários estudos mostram que há resultados educacionais significativamente piores...

para lembrar

Violência é o maior problema para pais, alunos e professores da escola pública

Pesquisa conclui que, no estado de São Paulo, progressão...

Ciclo de MiniCursos: Negritudes e branquitudes: algumas abordagens necessárias ao combate do racismo

Ciclo de MiniCursos Negritudes e Branquitudes: algumas abordagens necessárias ao...

Professor Sérgio Nogueira aponta os 10 erros de português mais frequentes

O professor Sérgio Nogueira explicou os dez erros mais...

50 erros de português que você não pode mais cometer

Guia prático para não queimar mais o filme em...
spot_imgspot_img

Unilab, universidade pública mais preta do Brasil, pede ajuda e atenção

A Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab) surgiu com a proposta de fazer a integração de alunos de países africanos de língua...

Cotas, sozinhas, não acabam com a desigualdade

Há uma demanda crescente para que as universidades de alto prestígio (ou de elite) aumentem a diversidade étnico-racial e socioeconômica de seus alunos. Nessa...

Primeira médica de quilombo baiano criou cursinho pré-vestibular

"Eu era um ponto preto em uma folha branca", ouvia Marina Barbosa, 32, de um professor durante a graduação em medicina. Hoje formada pela UFBA...
-+=