Afonso Van-Dúnem “Mbinda” considerou Amílcar Cabral um “ícone do nacionalismo moderno”. O secretário do bureau político do MPLA para as Relações Internacionais, que falava domingo durante um fórum internacional para assinalar o 40º aniversário da morte do “pai” das independências da Guiné-Bissau e de Cabo Verde, na cidade da Praia, referiu-se a Amílcar Cabral como “proeminente líder africano e mundial”.
O dirigente do MPLA felicitou a Fundação Amílcar Cabral pela organização do fórum, que decorreu sob o lema “Por Cabral Sempre”, sublinhando que a iniciativa atesta o compromisso de “manter viva a filosofia humanista deste grande filho de África”, o qual, frisou, “não é justo retratá-lo no espaço restrito de Cabo-Verde e da Guiné-Bissau”.
O fórum decorreu em torno de três grandes temas: “O pensamento de Amílcar Cabral na perspectiva contemporânea”; “Cabo Verde – Os caminhos do futuro, desafios e perspectivas”; e “Questões do mundo global – integração e interdependências”.
Na sua intervenção, Afonso Van-Dúnem “Mbinda” falou do contributo de Amílcar Cabral para a libertação das ex-colónias portuguesas em África, através da produção literária, dos movimentos de contestação, das greves e da desobediência civil, das organizações sócio-culturais e da acção clandestina.
O representante do MPLA falou também da passagem de Amílcar Cabral por Angola, realçando a sua participação nas reuniões clandestinas que culminaram com a criação do Partido de Luta Unida dos Africanos de Angola (PLUAA), nos encontros de organização e acção política, ao lado de Deolinda Rodrigues e Noé da Silva Saúde, e no manifesto do MPLA em 1956. “Existem hoje espalhadas pelo Mundo muitas fontes dispersas que reportam a intensa actividade política e patriótica que Amílcar Cabral desenvolveu em prol da libertação dos nossos povos e países”, disse Afonso Van-Dúnem “Mbinda”, sublinhando que “tais fontes reflectem claramente a sua dimensão como africanista”
História comum
Além do fórum estavam igualmente previstos outros eventos destinados a assinalar em Cabo Verde o dia da morte de Amílcar Cabral e, em Setembro próximo, os 90 anos do nascimento do líder histórico do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC). Quando se referia às fontes de preservação da memória, Afonso Van-Dúnem “Mbinda” destacou os arquivos da própria Fundação Amílcar Cabral, que é presidida pelo antigo presidente de Cabo Verde, Pedro Pires, a Torre do Tombo, em Portugal, o Arquivo Histórico Nacional e o Centro de Documentação e Investigação Histórica do Comité Central do MPLA, em Angola.
Afonso Van-Dúnem “Mbinda” aproveitou a ocasião para relançar a proposta de criação de um Arquivo Histórico Comum dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa, feita em 2001 pelo Presidente José Eduardo dos Santos, durante a cimeira dos Chefes de Estado e de Governo dos PALOP. “Vai ser uma garantia da preservação do espólio documental sobre este período importante da luta de libertação”, defendeu.
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