Aplicando a Lei 10.639: dicas de filmes para debater escravidão, resistência negra e racismo

Existem muitas maneiras de pesquisar, ensinar e aprender sobre história. Cada fonte de informação traz suas peculiaridades, e todas as análises históricas exigem olhares atentos e críticos, já que há diferentes formas de interpretação e escrita sobre o passado. Entretanto, na busca por conhecimento devemos aproveitar as múltiplas possibilidades de fontes, que de acordo com as interrogações e leituras empreendidas serão válidas. Neste sentido, o cinema está entre as fontes possíveis, e certamente, como uma das expressões da arte, tem poder de tocar e estimular reflexões. Assim, hoje indicamos cinco filmes que podem contribuir para trazer conhecimentos e lançar debates sobre a escravidão, o racismo e a resistência negra ontem e hoje. Podem ser assistidos e debatidos em espaços formais e não formais de educação, em nossas casas, e por todos nós.

Chico Rei (1985, Dir. Walter Lima Jr.): Conta a história do lendário Chico Rei, que teria vivido em meados do século XVIII em Minas Gerais. Teria nascido no Reino do Congo, batizado como Galanga, onde era um monarca guerreiro e sacerdote do deus Zambi-Apungo. Foi capturado junto com seus súditos por comerciantes portugueses e traficantes de escravos, e enviado para trabalhos forçados na mineração de ouro, em Vila Rica. Escondendo pepitas no corpo e nos cabelos, Galanga compra sua alforria e adquire a mina Encardideira. Associa-se a uma irmandade para ajudar outros negros a comprarem sua liberdade. Chico Rei, teria então fundado em reino, que durou muitos anos, e por seus atos heroicos foi coroado o primeiro Rei Congo no Brasil. Segundo contam, foi autorizado a promover a primeira festa do congado, em homenagem às entidades protetoras dos africanos e de seus descendentes. A lenda do Chico Rei explica, portanto, a origem do congado, e, mesmo que não seja verdadeira, é parte importante de nosso patrimônio cultural.

 

Amistad (1997, Dir. Steven Spielberg): História real, remete ao ano de 1839, quando negros escravizados realizaram um motim a bordo do navio negreiro La Amistad, entre Cuba e os Estados Unidos. O filme relata a luta de um grupo do grupo de escravos africanos em território norte-americano, desde a sua revolta até seu julgamento e libertação. A trama permite conhecer as condições de captura e transporte de escravos africanos para trabalhos na América do Norte, a máquina jurídica americana de meados do século XIX e o germe das primeiras medidas para a abolição da escravatura naquele território.

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Homens de Honra (2000, Dir. George Tillman Jr.): Conta a história real do sargento Carl Brashear, interpretado por Cuba Gooding Jr em personagem homônimo. Filho de agricultores do Kentucky, que sonhava desde a infância em fazer parte da Marinha e ser mergulhador. Alistou-se e tornou-se cozinheiro inicialmente, um dos únicos postos permitidos para negros à época. Foi o primeiro mergulhador negro da Marinha dos Estados Unidos, e mais tarde, o primeiro mergulhador amputado. O filme apresenta-o como um grande exemplo de determinação e persistência ao enfrentar o racismo explícito da sociedade norte-americana nos anos de 1950.

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Malcolm X (1992, Dir. Spike Lee): Biografia de um dos grandes líderes negros norte-americanos. Denzel Washington interpreta Malcolm X, que teve o pai, que era pastor, morto pela Ku Kux Klan (seita racista surgida nos EUA no final do séc. XIX), a mãe internada por insanidade, e acabou tornando-se um “malandro de rua”. Quando esteve preso, porém, converteu-se ao islamismo e iniciou sua pregação pela igualdade racial. Este filme e a história de Malcon X pode ser debatida em relação à história do grupo Panteras Negras, também retratada pelo cinema algumas vezes, mostrando outra perspectiva na luta contra o racismo e pelos direitos civis dos negros.

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A outra história americana (1998, Dir. Tony Kaye): Considerado um dos melhores filmes sobre o tema racial da década de 1990, não poupa o espectador da violência e do ódio ao mostrar os crimes de uma gangue racista de skin heads, formada por integrantes neonazistas, nos Estados Unidos. O filme tem o poder de mostrar como o ódio racial acaba com a vida tanto de agressores quanto de agredidos, e é contundente, principalmente pela mensagem e pela ótima interpretação de Edward Norton.

 

Concurso de Plano de Aula – Aplicando a lei 10.639/2003

Fonte: Arquivos Públicos

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