Opositor foi enterrado na quinta; governo prendeu cerca de 50 pessoas para impedi-las de ir ao funeral
Cinco dissidentes cubanos começaram nesta sexta-feira, 26, uma greve de fome para protestar contra morte do opositor Orlando Zapata, que faleceu na terça após um jejum voluntário de 85 dias.
Dos manifestantes, quatro estão presos e um, em liberdade, segundo uma nota da ONG opositora Comissão Cubana de Direitos Humanos.
Os prisioneiros são Diosdado González (de 47 anos), Eduardo Díaz, de 58, Fidel Suárez, de 49, e Nelson Molinet, de 45. Eles estão detidos no presídio de segurança máxima de Pinar del Rio, a 150 km a oeste de Havana.
O ex-preso político Guillermo Fariñas faz greve de fome em sua casa em Placetas. “A chama que Zapata acendeu com sua rebeldia não se deve deixar que se apague”, disse Fariñas à Reuters por telefone.
“Se temos de nos imolar, vamos nos imolar para demonstrar ao mundo que a morte de Zapata não foi uma casualidade”, acrescentou.
Psicólogo de 48 anos, Fariñas fez em 2006 uma greve de fome de vários meses para reivindicar livre acesso à Internet. Acabou sendo internado e alimentado por via intravenosa.
Enterro
Zapata foi enterrado na quinta-feira pela manhã. O aparato de segurança cubana prendeu cerca de 50 dissidentes para impedi-los de comparecer ao funeral.
O governo montou um esquema policial desde o dia anterior ao enterro de Zapata. A situação no povoado de Banes, terra natal de Zapata, é calma, mas que desde quarta-feira a polícia vem pedindo os documentos a todos os motoristas que entram na cidade.
A única referência oficial ao falecimento do dissidente foi feita pelo presidente cubano, Raúl Castro, que a jornalistas cubanos e brasileiros lamentar a morte de Zapata, que atribuiu ao confronto entre Cuba e Estados Unidos.
Na imprensa oficial, as menções a Zapata foram eliminadas e o encontro com Lula, e os acordos assinados, ganhou todo destaque.
Fonte: Estadão