Para economista, crise econômica explica aumento nas desistências. ‘A gente ainda tem sonhos de uma vida melhor’, desabafa ex-aluna.
Por Carlos e Araraquara Do G1
Um levantamento feito pelo Sindicato das Mantenedoras de Ensino Superior (Semesp) mostra que cresceu o número de alunos de universidades particulares do Estado de São Paulo que não concluem a graduação. Cerca de 60% dos universitários desitem do ensino superior, de acordo com a pesquisa deste ano. Em 2015, eram 27,4% dos estudantes.
“O estudante muitas vezes é ajudado pela família. Vivemos um momento de entrada de uma camada da população que não tinha acesso ao ensino superior e que, com os incentivos como ProUni e Fies, conseguiu entrar na universidade, mas, quando um membro da família perde o emprego, é um corte que tem que ser feito, o que dificulta a permanência dos alunos”, explicou o professor de economia Jonatas Rodrigues da Silva.
A costureira Maria Aparecida Nascimento se encaixa nesse índice. Há mais de 10 anos na profissão, ela começou um curso de moda em uma universidade particular de Araraquara (SP). Pagou os três primeiros meses e, depois que o marido perdeu o emprego, não conseguiu mais arcar com as despesas.
“A gente ainda tem sonhos de uma vida melhor e eu tinha minha ambição de ter um serviço melhor, foi aí que eu resolvi correr atrás. Vinte anos fora da escola e eu consegui classificação no Enem para poder participar do Fies, mas mesmo assim não pude. Para eu poder fazer a minha inscrição, tinha que pagar tanto os atrasados quanto a rematrícula. Sem desconto do Fies, como eu ia fazer isso?”, disse Maria.
Expectativas
De acordo com Silva, a expectativa é de que em cerca de dois anos a situação econômica do país melhore e, com isso, mais estudantes consigam continuar os estudos.
“Teremos um 2016 e 2017 um pouco mais difícil ainda, estamos em uma recuperação lenta, mas vamos conseguir, talvez com uma recessão menor do PIB, mas ainda de recessão, principalmente esse ano, e em 2018 o país volta a crescer e tudo vai facilitar”, disse o economista.
Enquanto isso, a costureira segue com o sonho de se formar. “Tenho muito esse sonho e tenho esse sentimento dentro de mim por não poder terminar, e isso me dói”, concluiu.