A jornalista Eliane Brum destacou a importância da realização do “Troféu Mulher IMPRENSA” na segunda-feira, 10 de julho, e indicou quais avanços ela entende que as ainda redações precisam alcançar. Durante a cerimônia da 12ª edição do prêmio, a repórter do El País lembrou que, além do machismo, o jornalismo também precisa vencer barreiras impostas por racismo e discriminação contra transexuais.
Por Fernando Arbex, do Portal Imprensa
Crédito:Edwaldo Costa e Heron Marques
“Embora seja importante falar das mulheres, a gente também tem de lembrar que as mulheres não são todas iguais. Pelo o que a gente vê na sociedade brasileira, é muito mais difícil para as mulheres negras. As assimetrias são muito maiores. Tanto que a gente quase não vê negras nas redações, assim como a gente quase não vê mulheres trans”, disse Eliane ao Portal IMPRENSA.
Durante a cerimônia, o manifesto de Eliane foi endossado por Nana Queiroz, diretora de redação de AzMina, que subiu ao palco com as colegas Larissa Ribeiro, Helena Bertho, Letícia Bahia, Lívia Magalhães e Barbara Mengado para receber o prêmio na categoria “Projeto Jornalístico” em nome da revista.
“A revista AzMina é o único veículo dessa premiação que é auto-destrutivo. Nosso sonho é que um dia a gente não precise mais existir. O ‘Troféu Mulher IMPRENSA’ é necessário, como a nossa revista também, mas eu sonho que um dia deixe de ser. Que um dia a gente tenha tantas oportunidades de fazer coisas incríveis, de ser reconhecida por nossas matérias, de não precisar sofrer assédio sexual para conseguir um furo de reportagem”, afirmou Nana.
Crédito:Edwaldo Costa e Heron Marques
Ainda durante o discurso, a jornalista fez questão de marcar a posição da revista no mercado. “Nunca digam que a gente faz jornalismo ativista , porque a gente faz jornalismo investigativo para mulheres. Tem uma diferença entre jornalismo ativista e o especializado em causas. Quando a gente fala em jornalismo feminista, eu não um problema que AzMina seja, o problema é que os outros veículos sejam machistas. Vivemos em um mundo tão distorcido que 80% dos colunistas homens e 90% de fontes masculinas parece normal. Quando a revista AzMina chega com a proposta de botar mulheres para falar, dizem que é ‘ativismo’. Não é”, disse.