Revelar a dimensão e a significativa influência das raízes africanas na gênese da cultura brasileira. Esse é o mote das atividades promovidas pela EMEI Guia Lopes, localizada no bairro do Limão, em São Paulo. As ações, voltadas à disseminação da cultura africana entre crianças, incluem cozinha experimental de culinária afro-brasileira, horta, sala de leitura de lendas africanas, laboratório de informática com pesquisas e jogos envolvendo as diferenças culturais, ludoteca de jogos africanos e espaço de artes, onde são produzidas máscaras e mandalas, além da confecção de jogos e criação de carimbos para estampar tecidos.
O interesse das crianças pelas atividades culturais começou a partir da criação de uma figura de afeto, o príncipe africano Azizi Abayomi. O personagem conseguiu despertar a curiosidade e o interesse dos estudantes da escola, como conta a diretora Cibele Racy. “Saber de onde vinha, como tinha nascido negro, como era sua família, quais os costumes de seu país e quais suas brincadeiras e músicas favoritas, possibilitou a cada grupo dar um rumo diferente ao projeto inicial. A soma de todas as informações e conhecimentos produzidos pelos diferentes grupos de crianças resultou no desenho da nossa 1ª Festa Afro-Brasileira”, afirmou.
Os eventos realizados na EMEI Guia Lopes são vinculados ao Projeto Didático Coletivo, cujo enfoque foi escolhido pelas equipes da escola no início deste ano. Foram definidas ações afirmativas de promoção da igualdade racial que incentivassem a discussão sobre diversas formas de preconceito, em parceria como CEERT e o Instituto Avisa Lá. A temática voltada à cultura africana foi trabalhada com professores e gestores, que procuraram aplicar um novo olhar sobre a questão do preconceito e suas variadas formas de expressão no cotidiano da educação infantil. (Foto: Reprodução)
A participação das famílias também teve um papel fundamental para o desenvolvimento dessas atividades. De acordo com Cibele, inicialmente as famílias foram convocadas a participar do projeto por meio de pesquisas enviadas pela agenda das crianças. “Na medida em que as nossas próprias dúvidas sobre o tema foram sendo discutidas, adquirimos mais confiança com as orientações e apoio do CEERT e do Instituto Avisa Lá. O projeto foi divulgado em todas as reuniões de pais e a aceitação foi imediata, superando todas as expectativas” afirmou. (Foto: Reprodução)
Cibele ressalta ainda a importância dessas atividades não somente para os alunos, mas também para a comunidade da região. “São vários aspectos positivos que um evento dessa natureza proporciona, principalmente quanto ao reconhecimento e a valorização da origem étnico-racial de muitas de nossas crianças, elevando sua autoestima e de seus familiares. Por meio do evento, avaliamos nosso trabalho e a aprendizagem de nossas crianças. A adesão foi surpreendente o que resultou no estreitamento dos laços entre a escola e a comunidade da EMEI Guia Lopes”, afirmou.
Para o segundo semestre, a escola pretende aprimorar a qualidade das intervenções que envolvem a comunidade. Além das atividades permanentes que compõem a rotina das crianças, estão previstas algumas oficinas e palestras com a participação das famílias, um dia de autógrafos (quando as crianças assinarão o livro coletivo criado e revisado com as mil histórias de Azizi Abayomi), e uma exposição permanente das produções infantis. “Analisando a relação cultivada entre a EMEI Guia Lopes e sua comunidade, o envolvimento e comprometimento de todas as equipes, acredito que ainda temos muito que aprender com nossas crianças e suas histórias de vida”, concluiu Cibele. (Foto: Reprodução)
Fonte: Ceert
