Ensino a distância

Número de alunos matriculados dobrou entre 2007 e 2008

Fonte: Folha de São Paulo

Imagine uma universidade sem salas de aula, horário de entrada nem conversa no fundão. Professor, só pela tela do computador. E você estuda onde e a hora em que quiser.


Interessado? É a graduação a distância, modalidade que cresce em ritmo vertiginoso no país e oferece cerca de 1,5 milhão de vagas em 145 instituições, cerca de 70 das quais públicas.


Apenas entre 2007 e 2008, o número de alunos quase dobrou; saiu de 397 mil para 761 mil -a participação dessa modalidade no ensino superior saltou de 4,2% para 7,5%.


Se entrar é fácil, desistir também: a evasão chega a 70% em alguns casos. Segundo coordenadores de cursos, só vai bem nesse tipo de curso quem é organizado, disciplinado e tem concentração para conseguir estudar em casa ou no trabalho.


Essa é uma das razões para os cursos de graduação a distância atraírem um público mais velho do que o do vestibular de cursos convencionais. Cerca de 68% dos alunos têm a partir de 25 anos, aponta censo de 2008 da Abed (Associação Brasileira de Educação a Distância).


É o caso de Renato Ignácio, 47, de Ribeirão Preto (SP), que voltou a estudar após largar duas faculdades e não queria trocar a convivência familiar pela sala de aula. Ou de Irene Lício, 57, que diz aprender melhor com o estudo individual. Ignácio estuda sistemas de informação na UFSCar (federal de São Carlos); Irene, administração na Anhembi Morumbi.


Os dois dizem se empenhar porque estudar pouco, na educação a distância, é fracasso certo. “Quem pensa que o curso é de final de semana se dá mal. Nosso aluno tem de estudar ao menos 24 horas semanais”, diz Daniel Mill, coordenador de educação a distância da UFSCar -que, no último vestibular, ofereceu 650 vagas em cinco cursos. As inscrições neste ano começam em dezembro.


Para Ignácio e Irene, o ritmo puxado torna o aprendizado do aluno mais consistente. “Você aprende a raciocinar. O conhecimento se solidifica”, diz ele, que estuda de madrugada. “No presencial, divaga-se mais.”


Em 2007, o Enade (exame do Ministério da Educação que avalia universitários) revelou que alunos de cursos a distância se saíram melhor do que os de presenciais em 7 de 13 áreas em que houve a comparação.


Mas não é sempre que educação a distância significa qualidade: em 2008, o MEC mandou desativar 1.337 polos de educação a distância no país -há mais de 5.000. Nesta semana, o ministério abriu processo para descredenciar a Unitins (Fundação Universidade Estadual Tocantins), que recorrerá.

 

Aulas


No ensino a distância, as aulas são em vídeo ou com material didático disponibilizado na internet. Dúvidas são tiradas on-line com o professor ou nos polos -espécie de filiais da instituição, onde ocorrem as provas.

 

Preconceito existe, mas mercado aceita melhor hoje aluno de curso a distância

 

Na hora de optar por um curso a distância, uma dúvida pode passar pela cabeça dos alunos: será que vou estar em desvantagem no mercado de trabalho?
Segundo uma pesquisa feita pela Abed (Associação Brasileira de Educação a Distância), a resposta é não, mas só entre empresas que já têm uma cultura de educação a distância entre os seus funcionários.
No CensoEAD.br/Abed, ainda inédito, de 32 grandes empresas, como Vale e Petrobras, 24 (75%) responderam que não faz diferença, durante um processo seletivo, que o profissional seja formado por um curso presencial ou a distância.
Para o presidente da Abed, Fredric Michael Litto, apesar de ainda haver preconceito, o cenário tem melhorado principalmente porque a qualidade dos cursos evoluiu.
Na Natura, por exemplo, o ensino a distância é bastante utilizado na capacitação de seus funcionários. Segundo a gerente de educação corporativa, Denise Asnis, não interessa se o curso é presencial ou a distância, desde que seja reconhecido pelo MEC.
Para Constantino Cavalheiro, diretor da Catho Educação Executiva, “o que importa é se a pessoa sabe ou não fazer algo, e não como ela aprendeu”. Mas ele recomenda ter cuidado na hora da escolha. Segundo Cavalheiro, o que faz a diferença é a credibilidade da faculdade.
A professora Simone do Nascimento da Costa, 29, se preocupou em escolher uma instituição que foi recomendada por outros alunos e fez um curso de gerenciamento de recursos humanos na Metodista. Acabou empregada pela própria universidade.
“No começo, eu tinha um certo receio em relação ao mercado de trabalho. A turma inteira tinha. Mas ninguém deixou de conseguir um emprego porque fez curso a distância. Agora, se eu tiver que fazer outra graduação, prefiro que seja a distância”, diz.

 

CURSOS VIRTUAIS NA USP E NA UNESP DEVEM COMEÇAR EM 2010
A Univesp, projeto de educação a distância do governo do Estado de São Paulo, deve começar a funcionar em 2010. A USP deve oferecer vagas para licenciatura em ciências; a Unesp, 5.000 para pedagogia. Também no ano que vem, o Centro Paula Souza oferecerá curso de tecnologia em processos gerenciais. A Estacio começa neste mês as aulas de cinco cursos de graduação a distância; as mensalidades custam R$ 199.

 

 

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