Feijão Branco: A minha, a sua, a nossa feijoada, quem diria?, foi inventada por brancos

A minha, a sua, a nossa feijoada, quem diria?, foi inventada por brancos, e não, como ensinava dindinha Denaltina, primeira professora, por escravas que aproveitavam as carnes menos nobres descartadas pelos senhores. O professor Almir El-Kareh, da UFF, lança dia 15 de dezembro — com samba e, claro, feijão, na Livraria Folha Seca, na Rua do Ouvidor, no Rio —”A vitória da feijoada”, livro em que desconstrói o mito de que o prato mais típico da culinária brasileira foi criação de negros.

Foi nada, desmente El-Kareh, 69 anos, doutor em História pela renomada École des Hautes Études, de Paris.

Segundo o professor, os escravos sequer dispunham de lugar, tempo ou meios para preparar sua própria comida. Uma feijoada, com os recursos disponíveis naqueles dias, levava de seis a oito horas para ficar pronta. Os negros, sustenta o mestre, eram alimentados por seus donos mesmo, e olhe lá. Havia, afirma, duas cozinheiras e duas cozinhas nas fazendas — as dos senhores e as dos escravos.

Para os brancos, a feijoada até era prato principal, mas não único. O professor cita cronistas que, em 1840, registraram ser o feijão com carne seca, paio etc. “um prato essencialmente nacional”, popular a ponto de, em toda festa, ser o atrativo número um à mesa dos europeus e de seus descendentes.

112 12-vitoriadafeijoada“A elite brasileira, sediada no Rio, foi muito competente em seduzir os estrangeiros com um prato da cozinha caseira e tradicional”, escreve o professor, que ainda revela: a delícia era ingerida… “de acordo com a etiqueta europeia”.

Hoje, por ironia, a comida brasileira que faz sucesso lá fora, como se sabe, é o churrasco, cuja ascendência remeteria a índios tupis sul-americanos, que costumavam assar a carne de caça sobre grelhas de madeira. Mas aí é outra história.

Por Marceu Vieira

 

 

Fonte: Globo

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