Em discurso irrefutável, durante a 69ª Sessão da Comissão sobre a Situação das Mulheres (CSW69), Carolina Almeida, assessora internacional de Geledés – Instituto da Mulher Negra e delegada do Women20Brasil, chamou a atenção para as barreiras estruturais discriminatórias patriarcais, coloniais e racistas que seguem marginalizando as mulheres negras em todo o mundo.
De acordo com Carolina, essas estruturas não são apenas falhas acidentais, mas fazem parte de uma arquitetura institucional global que sustenta a desigualdade mundial. “As promessas de inclusão seguirão sendo ilusórias e demagógicas enquanto não houver uma reforma profunda e comprometida dessas instituições”, afirmou. Além de Geledés, Carolina Almeida discursou em nome de outras organizações brasileiras de mulheres negras, como Criola.
A assessora internacional de Geledés fez duras críticas ao papel das instituições internacionais, que, de acordo com ela, apesar de defenderem a equidade, seguem reproduzindo mecanismos que favorecem os grupos dominantes. “Práticas excludentes e violentas são disfarçadas como iniciativas de inclusão, perpetuando a desigualdade sob a aparência de progresso”, alertou.
Carolina destacou também para a invisibilização histórica da atuação das mulheres negras em lutas sociais, econômicas e políticas. “Nossas contribuições são constantemente minimizadas ou apropriadas, e o acesso aos espaços de tomada de decisão nos é sistematicamente negado — não por falta de capacidade, mas por uma exclusão estrutural alimentada por normas discriminatórias.”
E apontou a direção do que deve ser feito. Para além de gestos simbólicos, a assessora internacional de Geledés defendeu reformas concretas que considerem a redistribuição de recursos, as mudanças estruturais nos processos decisórios e a criação de ambientes seguros “onde mulheres negras possam exercer plenamente seus direitos”.
Ao encerrar sua fala, Carolina fez um apelo à Comissão: “É preciso enfrentar o projeto político e econômico que sustenta as desigualdades de gênero e raça. Só assim poderemos construir instituições verdadeiramente inclusivas, responsáveis e abertas às vozes das mulheres negras.”