Geledés cobra protagonismo racial e de gênero na VI Conferência Regional da CEPAL

25/09/25
Kátia Mello [email protected]
Instituto integrou a relatoria, assegurando a inserção dessas temáticas na agenda para o desenvolvimento social inclusivo rumo à II Cúpula Mundial em Doha

Geledés – Instituto da Mulher Negra assumiu uma posição relevante na VI Conferência Regional sobre Desenvolvimento Social da América Latina e do Caribe, realizada entre os dias 2 a 4 de setembro, em Brasília. No âmbito da sociedade civil, a declaração final foi elaborada pelo grupo de relatoria – do qual Geledés fez parte – a partir das contribuições coletivas em consulta pública promovida pela plataforma Brasil Participativo e pelo Instituto de Políticas Públicas e Direitos Humanos (IPPDH). Mesmo com dificuldades, o instituto conseguiu garantir que raça e gênero aparecessem como marcadores transversais no texto final da Declaração da Sociedade Civil e dos Movimentos Sociais.

“O processo preparatório evidenciou barreiras que ainda restringem a participação plena da sociedade civil. Nosso trabalho segue firme em afirmar que só haverá justiça social quando inclusão e equidade racial e de gênero estiverem no centro das decisões globais, rumo à II Cúpula Social Mundial”, afirma Renata Juliotti, assessora de Desenvolvimento Sustentável de Geledés e representante do instituto no evento.

A conferência, presidida pelo Brasil, serviu como um ato preparatório para a Segunda Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento Social, prevista para acontecer em novembro em Doha. O encontro foi organizado pela Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL), pelo governo brasileiro e pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), e contou na abertura com os ministros Wellington Dias (MDS) e Márcio Macêdo (Secretaria-Geral da Presidência), além de autoridades da CEPAL e do Itamaraty.

Fotos: André Oliveira/MDS

Durante o evento, os países da região acordaram em levar à Cúpula uma proposta de Pacto Global para o Desenvolvimento Social Inclusivo, consolidando uma agenda comum em torno da proteção social, da equidade e da redução das desigualdades. O Brasil, na presidência da mesa diretiva, será responsável por difundir a posição comum latino-americana e caribenha.

As organizações participantes, incluindo o mecanismo regional MeSCALC (Mecanismo de Participação da Sociedade Civil da América Latina e Caribe para o Desenvolvimento Sustentável), adotaram a expressão “populações historicamente vulnerabilizadas” como linguagem padrão para se referir às diversidades. Geledés, no entanto, argumentou que raça e gênero não podem ser diluídos nessa formulação, pois atravessam todos os grupos populacionais e precisam permanecer como eixos estruturais de análise e compromisso.

Portanto, Geledés atuou ativamente não apenas no processo regional, como também no global na construção da declaração que será adotada em Doha, a partir de contribuições do Itamaraty e do Comitê da Sociedade Civil para o Desenvolvimento Social (NGO Committee for Social Development – NGO CSocD), do qual Geledés é membro. “Atuamos para articular nesta declaração, na construção do Fórum da Sociedade Civil, que faz parte da agenda oficial da cúpula de Doha”, explica Renata.

E acrescentou: “Essa atuação fortalece nossa capacidade de incidência nos espaços nacionais e internacionais, assegurando que as especificidades das populações afrodescendentes e de outros grupos vulnerabilizados sejam reconhecidas como centrais para o desenvolvimento social inclusivo”, destacou a assessora internacional de Geledés.

Agora, Geledés pretende acompanhar a implementação dos compromissos assumidos, ampliar articulações regionais e intensificar a preparação para a Cúpula de Doha. O objetivo é garantir que a agenda racial e de gênero esteja plenamente integrada ao futuro Pacto Global e que a sociedade civil mantenha papel estratégico nos processos de governança internacional.

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