‘Há mais pessoas com celular que com banheiros no mundo’, diz ONU

Ricardo Senra

Na manhã de hoje, depois de acordar, você possivelmente lavou o rosto, as mãos, usou a descarga, tomou banho. Uma em cada três pessoas em todo mundo não tiveram a mesma chance.

Nesta quarta-feira, 19 de novembro, é celebrado o Dia Mundial do Banheiro. A efeméride de nome estranho ecoa um tema sério: 2,5 bilhões de pessoas no mundo vivem sem condições sanitárias adequadas – incluindo banheiros -, segundo as Nações Unidas.

“O World Toilet Day (Dia International do Banheiro) é um dia para agir. É um dia de conscientização sobre todos aqueles que não têm acesso a banheiros – apesar do direito humano a água e saneamento”, diz a ONU.

As redes sociais têm sido o principal instrumento para tanto: por meio de hashtags e trocadilhos como #wecantwait (“não podemos esperar”), #itsnojoke (“não é brincadeira”) e #urgentrun (“corrida urgente”), ONGs e fundações do mundo inteiro chamam atenção a dimensão da crise sanitária – há atualmente mais pessoas com celulares do que com banheiros.

Além dos problemas relacionados à higiene, segundo a organização, a carência de banheiros eleva os riscos de estupros a mulheres e meninas, uma vez que não há privacidade.

Histórias

O problema é tema de uma grande exposição que mostra mulheres e meninas em seus banheiros ao redor do planeta e marca o 19 de novembro.

O trabalho, conduzido por fotógrafos de Panos Pictures em parceria com a ONG Water & Sanitation for the Urban Poor (Água e Saneamento para os Pobres das Cidades; WSUP na sigla em inglês), mostra histórias como a de Sukurbanu, de 65 anos, moradora de uma favela em Dacar, capital do Bangladesh.

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Desde pequena, ela usa como banheiro uma plataforma sobre uma palafita erguida um rio poluído. Ela conta que recentemente se desequilibrou e caiu na água. Sukurbanu mora com três filhas e diz que sofre de doenças e acredita que elas são causadas pelo falta de estrutura apropriada.

O projeto também mostra a realidade em que vive a Ima, de 47 anos, funcionária de um banheiro público em Kumasi, no Gana.

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Ela vive em um quarto alugado com o marido e quatro filhos. Após passar todo o dia trabalhando no sanitário público, ela volta para casa – onde não existe banheiro. À noite, conta que usa uma bolsa plástica como vaso sanitário, porque não considera seguro sair na rua.

A estudante Flora, de 19 anos, diz enfrentar mais do que falta de infraestrutura no banheiro compartilhado que usa em Maputo, Moçambique. “Odeio usar o banheiro. Às vezes homens espiam por cima da cerca. Não há privacidade.”

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Brasil

A situação não foge à regra por aqui. De acordo com levantamento preparado no ano passado pela relatora da ONU Catarina de Albuquerque, 114 milhões de brasileiros (ou 60% da população) “não têm condições sanitárias apropriadas”.

Destes, 8 milhões ainda precisam fazer suas necessidades ao ar livre.

A hashtag #opendefecation (“defecação ao ar livre”), compartilhada nesta semana por milhares de pessoas, toca neste assunto.

Chega a um bilhão o número de pessoas expostas a doenças como cólera, hepatite, diarreia, desnutrição e problemas cognitivos por conta da falta de ambientes apropriados para os “números 1 e 2”.

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Segundo a ONG opendefecation.org, o fim da prática em espaços abertos reduziria o número de ocorrências em hospitais, mortes de crianças e perdas de dias letivos.

A entidade explica: milhares de crianças acabam bebendo água contaminada por fezes mundo afora.

Por ano, 44 milhões de grávidas são contaminadas por germes que poderiam ser evitados caso houvesse saneamento adequado.

A diarreia mata mais crianças do que AIDS, malária e rubéola juntos.

 

Fonte: BBC Brasil

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