A deputada estadual pelo PC do B, cantora e compositora Leci Brandão recebe nesta quarta (5) o Colar de Honra ao Mérito Legislativo do Estado de São Paulo, uma das maiores honrarias da Alesp (Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo). Trata-se de uma homenagem pública e solene conferida a pessoas que tenham contribuído para o desenvolvimento social, cultural e econômico de São Paulo.
Primeira mulher negra reeleita para o quarto mandato na Alesp, Leci Brandão obteve em 2022 a sua maior votação. Como parlamentar, ela se dedica à promoção da igualdade racial, ao combate ao racismo religioso e à defesa das tradições de matriz africana, da educação, da cultura popular brasileira, dos direitos das mulheres e da população LGBTQIA+. Atualmente, é ouvidora da Casa e membro das comissões permanentes de Educação e Cultura e de Assuntos Desportivos.
Segunda negra a ingressar no Legislativo paulista, após um período de quase 30 anos em que havia sido eleita apenas a professora e advogada Teodosina Ribeiro, Leci considera seu mandato uma missão que vem da ancestralidade. A postura civilizada, que configura uma característica do exercício de seu cotidiano como parlamentar, traz essa dimensão bem ligada à força das religiões afro-brasileiras, sabedoria que ela diz ter vindo de sua mãe, também chamada Leci e que aparece com frequência como uma bela marca quando ela fala de sua trajetória de vida.
Em entrevista que concedeu ao jornal O Globo em outubro de 2023, às vésperas de completar 80 anos, ela falou sobre sua vida e dessa convivência: “Sempre trabalhei, fui operária de fábrica, telefonista, morei em três escolas públicas porque minha mãe era servente de colégio e a gente não tinha condições de pagar. Em compensação, a gente varria muita sala de aula. Eu, filha única, ajudava muito a minha mãe nesses aspectos. Fico feliz com o que eu fiz porque trouxe felicidade para o nosso país. Muitas famílias falaram meu nome para os seus, isso me comove”.
Batizado de Quilombo da Diversidade, seu gabinete já propôs mais de 200 projetos, dentre os quais 50 foram aprovados e se transformaram em lei, destacando-se aquela que pune administrativamente empresas e pessoas que pratiquem a discriminação religiosa; também fez leis que estabelecem os dias de Ogum e de Yemanjá no calendário oficial de São Paulo e que reconhece o hip-hop como patrimônio material e cultural do estado de São Paulo.
Leci gravou 25 álbuns, entre eles três compactos e dois DVDs. Em 2018, com “Simples Assim”, recebeu o Prêmio da Música Brasileira na categoria melhor cantora de samba. Entre 1984 e 1993, foi comentarista dos desfiles das escolas de samba do Rio de Janeiro pela TV Globo. Voltou a comentar o Carnaval carioca de 2000 a 2001. Entre 2002 e 2010, comentou os desfiles das escolas de São Paulo pela mesma emissora. Foi também a primeira mulher negra e homossexual a integrar a ala de compositores da Estação Primeira da Mangueira, do Rio de Janeiro, a sua cidade natal.
Perto de completar 50 anos de carreira artística, em 2025, Leci Brandão permanece como uma presença inspiradora para todas nós, brasileiras e brasileiros —em particular as mulheres negras—, seja na arte, seja na cultura, seja na política de São Paulo e do Brasil.