(Com gratidão para Azoilda Trindade e Jacques D’ Adesky)

Amauri Mendes Pereira
Prof. de Sociologia da UEZO-RJ
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“Foi em Diamantina, onde nasceu JK, que a princesa Leopoldina arresolveu se casar.
Mas Xica da Silva tinha outro pretendente, e obrigou a princesa a se casar com Tiradentes.
(…) Da união deles dois ficou resolvida a questão, e foi proclamada a escravidão…
E assim se conta essa história, que é dos dois a maior glória.
Dona Leopoldina virou trem, D. Pedro é uma estação também .”
Samba do Crioulo Doido
Stanislaw Ponte Preta
Nos anos 70, Sergio Porto-Stanislaw Ponte Preta, escritor e humorista, fez um enorme sucesso com o “Samba do crioulo doido”, uma piada sobre a (in)capacidade intelectual e a (não)lucidez do compositor de escolas de samba. Assolado por informações vistas como fora de seu horizonte cultural, ele não consegue dar conta: e “acontece” um samba sem pé, nem cabeça, misturando feitos e personalidades históricas de maneira desconexa e aleatória.
O prestígio daquele autor impôs um silêncio constrangido a muita gente. Era evidente a racialização: afinal também há compositores brancos no mundo do samba. É também flagrante a insensatez da “piada”: compositor “pirado”? Ao contrário, o comum é lembrar com facilidade de grandes sambas enredo nas Escolas de Samba, mesmo os não vencedores, que não chegaram “à avenida”.
Por que foi fácil para aquele intelectual fazer a piada racista? Primeiro porque ele podia fazê-la: sua expressão era assegurada em coluna regular de importante jornal de circulação nacional. Segundo, que no país da democracia racial ele tinha liberdade para isso, pois ninguém é racista: era apenas uma brincadeira… Terceiro, porque ele não conhecia, ou conhecia pouco o mundo do samba, para saber do cuidado com a criação artística, poética, e o lugar especial que têm naqueles contextos. O que se passa de existencialidades e sociabilidades nos “meios negros” em quase todas as regiões brasileiras é pouco conhecido, e quase sempre estereotipadamente,. Apesar de espaços comuns a brancos e negros, sempre houve um viés “racial” na segregação social.
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Fonte: A Cor da Cultura