Que avançou, avançou, mas a maioria dos professores brasileiros ainda não está preparada para trabalhar com a igualdade racial conforme rege a Lei 10.639/2003. A constatação é da professora Francisca Vilani de Sousa, que ministrou mais um Módulo do curso Práticas Discursivas de Igualdade Racial, promovido pelo Programa Conexões de Saberes da Universidade Federal Rural do Semi-Árido. Para a professora, o problema acontece divido a falta de formação e de materiais didáticos voltados para o combate do racismo na escola.
Para a professora, as questões históricas ligadas à cultura afrobrasileira e a africana são apontadas como os principais motivos para essa resistência por parte de uma parcela significativa dos educadores. “Pesquisas recentes têm demonstrado que à escola, via de regra, acaba reproduzindo o racismo, o preconceito e a discriminação contra os estudantes afrodescendentes”, afirmou.
Apesar de ser um espaço privilegiado para essa discussão, ainda nos dias atuais a escola não assumiu o debate que implica em conhecimentos e abordagens teóricas e curriculares que a maioria dos professores não detém. “Na maioria das vezes o racismo se apresenta de forma silenciosa e enfrenta-lo é admitir a sua existência”, colocou a professora.
Ao ignorar a existência do racismo nas relações educacionais, os professores passam a legitimar a discriminação e o racismo. “O preconceito surge em piadas, brincadeiras e até mesmo em discussões presentes em sala de aula contra a pessoa de cor negra”, revelou. O agravante é que o preconceito acarreta referencias negativa, ocasionando uma baixa na auto-estima dos estudantes e, consequentemente, pequeno desempenho e a evasão escolar. Desta forma, por não ser positivamente aceitos, os estudantes negros vão sendo excluídos do sistema educacional.
Para a professora Vilani de Sousa, é importante a escola adotar novas práticas extrapolando a figura do professor. O tema, segundo ela, deve atingir todas as esferas da escola, a começar pela proposta pedagógica. “É preciso uma ampla discussão e revisão sobre as práticas docentes no que concerne à temática dos afrodescendentes. Daí, a importância de se resgatar a história e a cultura afrobrasileira”, opinou.
Outro ponto positivo para a ampliação do pensamento anti-racista são as ações afirmativas dentro das políticas públicas, como por exemplo, o programa de cotas que facilitam o acesso de pessoas negras na universidade. “São ações que contribuem para a desconstrução da ideologia do branqueamento que associa o branco ao bom e bonito e, o negro ao mal e feio”, concluiu.
Fonte: Ufersa