Lellezinha: ‘na favela, a gordinha usa cropped e se revela gostosa’

Enviado por / FontePor Luiza Barros, O Globo

Ela está em todas. Com apenas 18 anos, Lellezinha, vocalista do Dream Team do Passinho, já virou referência em beleza e moda, especialmente para adolescentes, que ficam vidradas no seu cabelo natural e maquiagem ultracolorida. Recém-formada no Ensino Médio (“sou a baby do grupo”, define), a menina ainda concilia a agenda de shows com a carreira de atriz: ela interpretou Jeniffer em “Totalmente Demais” e em breve poderá ser vista na minisérie da TV Globo “Segredos de Justiça”. Ah, e ainda sobra tempo para estudar inglês.

Christian-Rodrigues
Foto: Christian-Rodrigues

— Faculdade eu penso, mas não agora. Se for pra pra entrar, eu não posso trancar ou parar de jeito nenhum. Atualmente, faço curso de inglês e vou fazendo outros cursos se eu achar que é importante. O que eu não posso é parar de estudar. Seja lá o que for — conta a menina, criada na Zona Oeste do Rio.

Terminar o colégio, logo quando o sucesso chegou, não foi fácil. Mesmo já sendo conhecida na escola, ela conta não escapava da tietagem de outros colegas.

— Era muito difícil acordar cedo e tirar foto com alguém. Na minha cabeça essas pessoas me admiram, então eu não posso negar uma foto. Mas ao mesmo tempo eu me via como qualquer outro aluno. Ainda mais de manhã, que eu tenho um péssimo humor — brinca Lellezinha, que diz ter contado com o apoio de professores e alunos para dar conta de provas e trabalhos.

Livre para ganhar o mundo, ela e os demais integrantes do Dream Team do Passinho (Diogo Braguete, Pablinho, Hiltinho e Rafael Mike) se aproximaram de vez da moda. Lançado nesta semana, o clipe da música “Vai dar ruim” teve produção caprichada, com fotos de divulgação de Bob Wolfenson e roupas do estilista americano Christopher Calyb, cujo trabalho a turma conheceu pelo Instagram. Já a direção do clipe ficou por conta do ator Lázaro Ramos, que se ofereceu para ajudar.

— As roupas do Calyb que misturam shirikis (tradicionais batas de uma região da Africa) com elementos bem urbanos do hip hop. O significado (de usar as roupas) está no sangue — conta — Já o Lázaro, a gente falava muito o nome dele no nosso dia a dia. Eu fico até nervosa diante de tanta admiração — confessa.

Outro momento fashion do Dream Team foi no Rio Moda Rio, semana de moda realizada no mês passado no Píer Mauá. O grupo surpreendeu fashionistas ao fazer um show durante o desfile da marca de moda praia Blue Man.

— Foi um momento muito importante! Nós levamos a nossa arte pra um lugar de destaque onde dificilmente a favela consegue chegar de forma positiva. Muitos ali só conhecem a favela pelo noticiário policial — destaca Lellezinha, que é defensora ferrenha do estilo sem amarras e preconceitos das comunidades cariocas.

— Na favela, a gordinha usa cropped e se revela gostosa. O moleque usa aparelho nos dentes apenas pra causar — observa a cantora, que define o visual do grupo como “guetto-tech”, algo que ainda agrega outras referências da cultura negra, do ator Jaden Smith (filho de Will Smith e garoto-propaganda da Louis Vuitton) à estética afropunk.

Apesar do nome da música de trabalho, Lellezinha garante que é difícil “dar ruim” na convivência com os outros integrantes do grupo, todos homens e mais velhos do que ela.

— Eu já era um pouco mais cabeça pela minha idade, mas isso (o convívio com eles) me fez amadurecer mais, com certeza. Eles me escutam bastante, me respeitam, respeitam meus pensamentos e espaço. Chamam a minha atenção quando preciso, enfim. Cuidado recíproco. E cada vez tá ficando melhor pela nossa trajetória — garante ela, que também explica que nem sempre “dar ruim” é tão negativo quanto parece, pelo menos na gíria:

— Pode parecer estranho pra quem lê, mas quando você ouve fica fácil. Tem situações que quando dizemos “vai dar ruim” é porque vai ser bom, e em outros momentos “vai dar ruim” é porque vai dar ruim mesmo — diverte-se.

 

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