A África do Sul e o mundo todo homenagearam Nelson Mandela nesta quinta-feira, quando o líder anti-apartheid completou 95 anos de idade internado em um hospital, e os médicos relataram que ele estava “cada vez melhor” de uma infecção pulmonar que já dura seis semanas.
O país está em evidência desde que o ex-presidente e pai da multirracial “Nação Arco-Íris” estabelecida no fim do apartheid, em 1994, foi internado em 8 de junho com problemas pulmonares recorrentes que o mantêm em estado grave.
É a sua quarta internação em seis meses, o que lembrou os sul-africanos que o homem globalmente admirado como exemplo moral contra a injustiça e símbolo da reconciliação racial não vai estar presente fisicamente para sempre.
Mas o clima era de festa nesta quinta-feira, quando milhares de sul-africanos cantaram “Feliz Aniversário” e participaram de iniciativas de caridade em uma manifestação global de apoio ao Prêmio Nobel da Paz no “Dia de Nelson Mandela”, estabelecido pela ONU.
Em um evento da Organização das Nações Unidas em Nova York para celebrar o dia, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, elogiou Mandela como “um gigante do nosso tempo”.
Durante todo o dia, uma multidão de pessoas bem-intencionadas fora do hospital de Pretória, onde o estadista aposentado está sendo tratado, cantou “Feliz Aniversário, Madiba”, usando o nome de clã tradicional de Mandela, trouxe bolos e cartões de aniversário e dançou.
“Obrigado por tudo o que você fez para este país”, disse Margaret Chechie.
Muitos sul-africanos também comemoraram o aniversário com 67 minutos de serviço público para homenagear os 67 anos que Mandela serviu a humanidade, por primeiro lutar contra o domínio da minoria branca e, em seguida, consolidar a harmonia racial quando presidente.
Como parte da iniciativa de caridade, trabalhadores de escritórios, estudantes, soldados e cidadãos comuns enfeitaram orfanatos, pintaram paredes de escolas e entregaram alimentos para os pobres.
O presidente sul-africano, Jacob Zuma, visitou Mandela no hospital e disse que ele estava fazendo um progresso constante. “Consegui dizer feliz aniversário para ele, e ele foi capaz de sorrir”, disse a repórteres.
Horas antes, seu escritório disse que “sua saúde está melhorando”, citando médicos de Mandela.
A vitória de Mandela nas primeiras eleições multirraciais, em 1994, pôs fim ao sistema de apartheid. Quatro anos antes, ele foi liberado de 27 anos de prisão sob o regime de minoria branca, 18 deles na conhecida colônia penal de Robben Island.
Sua ex-mulher Winnie Madikizela-Mandela chamou o aniversário de 95 anos dele como “um presente para a nação”.
Os membros da família almoçaram juntos no hospital onde o patriarca reverenciado está sendo tratado e sua filha Zindzi disse que deu a ele uma colagem de fotografias de família.
“Tata (nosso pai) está fazendo este progresso notável e estamos ansiosos para tê-lo de volta em casa em breve”, disse Zindzi.
Seu neto Ndaba Mandela foi mais cauteloso sobre a condição de Mandela. “Ele ainda está (em estado) crítico … ele está apenas muito mais alerta agora, muito mais consciente de seu entorno”, disse à CBS News.
As comemorações do Dia de Mandela nos Estados Unidos incluíram um evento especial na sede da ONU em Nova York, onde figuras como o ex-presidente norte-americano Bill Clinton e o reverendo Jesse Jackson juntaram suas vozes aos tributos globais.
Clinton, um amigo pessoal de Mandela, recordou as quase três décadas que o nonagenário passou nas prisões do apartheid.
“Mandela saiu da prisão depois de 27 anos um homem maior do que quando entrou”, disse Clinton. “Mesmo velho e frágil e lutando por sua vida … o que está em seu coração brilha em seu sorriso e ilumina a sala através de seus olhos.”
Apesar das comemorações de seu aniversário, a África do Sul pós-apartheid de Mandela não cumpriu com todas as expectativas.
Enormes lacunas persistem em renda, emprego e acesso à educação, e essas desigualdades em grande parte seguem linhas raciais, de acordo com dados do próprio governo. Famílias brancas em 2012 ganharam, em média, cerca de seis vezes mais do que as famílias negras.
No entanto, educação e oportunidades de emprego de qualidade também têm sido abertas a dezenas de milhares de negros.
(Reportagem adicional de Reuters TV, Benon Okula e Pascal Fletcher, em Johanesburgo; de Michelle Nichols e Stephanie Ulmer-Nebehay, na ONU)