Material didático vai corrigir falhas no ensino da história da África

 

Libertação da memória

No Brasil, a história do negro e do seu continente de origem é contada a partir da escravidão.

“Parece que a gente nasceu no cativeiro, o que não é verdade, porque a nossa história é de um continente que teve civilizações, produziu aço, trabalhou a pedra, a cultura, a arte e a filosofia entre outras contribuições”, afirma Antônio Mário Ferreira, coordenador-geral de Diversidade do Ministério da Educação (MEC), Antônio Mário Ferreira.

Para tentar ser mais fiel à história, o MEC está lançando o material pedagógico para o ensino obrigatório da história da África nas escolas da rede pública e do setor privado, conforme determina Lei 10.639, de 2003.

Segundo Ferreira, estão sendo elaborados livros para professores e alunos desde o nível infantil até o ensino médio e fundamental.

Além disso, será disponibilizado um atlas, que relaciona a África com os demais continentes e, em especial, a ligação com o Brasil e a América Latina.

História Geral da África

A coleção História Geral da África será disponibilizada inicialmente em inglês, francês e árabe, formada por 8 volumes e 10 mil páginas.

A obra levou levou 30 anos para ser concluído, envolvendo 350 pesquisadores coordenados por um comitê científico com 39 especialistas, sendo dois terços deles africanos.

A versão em português resultou de uma parceria entre a Organização das Nações Unidas (ONU) para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), o MEC e a Universidade Federal de São Carlos (UFSCar).

O representante do MEC informou que será feito um resumo da coleção para ser usada nas universidades .

“A partir desta obra vamos reconstruir a história do Brasil e propiciar para o ensino futuro o conhecimento sobre a história da África e dos negros no mundo. Serão homens e mulheres que vão perceber a diversidade e as reais origens da etnia social “, disse.

Berço da civilização

O representante da Unesco no Brasil, Vincent Defourny, destacou que são três milhões de anos de história e que incluem o berço da civilização. Segundo ele, desde o lançamento da coleção em português, em dezembro do ano passado, a versão eletrônica foi acessada 30 mil vezes.

A expectativa da Unesco, segundo Defourny, é que esse trabalho seja um instrumento também de combate ao preconceito racial e de afirmação da cultura de um povo. “Os escravagistas tiraram deles a liberdade, mas não lhe tiraram a cultura, a língua e as tradições, transmitidas para as futuras gerações”.

Na opinião dele, este é o momento mais oportuno para avançar nessas questões sociais, valorizando a riqueza da cultura africana porque o Brasil vive um bom momento de expansão econômica, com democracia. Defourny defende entre outros aspectos o respeito às crenças religiosas que tiveram origem na África. “Tem de ser reconhecida essa diversidade”.

 

Fonte: Diário da Saúde

+ sobre o tema

O Plano Nacional de Educação em disputa

Enviado para o Portal Geledés     Nina Madsen Está em disputa, no...

Governo suspende novas vagas do Pronatec, ProUni e Fies

Brasília - Uma das vitrines da área social da...

Lorrayne: ‘Espero que outros jovens tenham grandes oportunidades para se desenvolver’

Nossa campeã está de volta! Depois de arrasar na...

Educação em Portugal “não ultrapassou as desigualdades criadas pelo racismo”

A recém-criada Djass-Associação de Afrodescendentes organiza debate onde serão...

para lembrar

Lançamento – Coleção Educação e Relações Raciais: apostando na participação da comunidade escolar

Lançamento: Coleção Educação e Relações Raciais: apostando na participação...

Um trabalho pioneiro sobre gênero e escolarização no Brasil

Um tema recorrente neste blog é a interface entre...

Em 13 anos, número de professores com doutorado em universidades federais cresce 189%

Há 13 anos, apenas 20.711 docentes efetivos da carreira...

“Eles querem retirar a diversidade da escola”

Para a integrante do movimento que critica o Escola...
spot_imgspot_img

Estudo mostra que escolas com mais alunos negros têm piores estruturas

As escolas públicas de educação básica com alunos majoritariamente negros têm piores infraestruturas de ensino comparadas a unidades educacionais com maioria de estudantes brancos....

Educação antirracista é fundamental

A inclusão da história e da cultura afro-brasileira nos currículos das escolas públicas e privadas do país é obrigatória (Lei 10.639) há 21 anos. Uma...

Faculdade de Educação da UFRJ tem primeira mulher negra como diretora

Neste ano, a Faculdade de Educação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) tem a primeira mulher negra como diretora. A professora Ana...
-+=