Um dos maiores expoentes no Brasil dos estudos sobre a África e os africanos, Zé Maria marcou gerações, sobretudo na Universidade Cândido Mendes.
Conheci-o na apuração da biografia “Marighella”, da qual o professor é entrevistado e personagem.
Na rua das Laranjeiras, grudado ao largo do Machado, ele vivia então entre milhares de livros, que cobriam as paredes e faziam do apartamento um paraíso.
Depois do golpe de Estado de 1964, havia sido preso pela polícia política da Guanabara.
Em sua casa gravitava na época a representação, no Rio, do Movimento Popular de Libertação de Angola.
Encarceraram-no no Dops, na rua da Relação.
O coletivo de presos políticos elegeu-o “vice-xerife”, isto é, um dos coordenadores do núcleo dos militantes detidos pela ditadura nascente.
Na penúria do lugar, faltavam colchões para todos.
O moço de 27 anos acabou dividindo o seu com um companheiro cinquentão, Carlos Marighella, que havia sido baleado semanas antes num cinema da Tijuca.
Militante do movimento negro, Zé Maria nasceu, traquinagem do destino, num 13 de maio.
“Vive dizendo, com muita propriedade, que é um branco de alma negra”, contou certa feita Luena, sua filha.
“Passou para a imortalidade”, escreveu anteontem outro filho, Samory.
Leia a Entrevista com José Maria Nunes Pereira em PDF
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