Mudança na representação da imagem estereotipada e desumanizada do negro melhora nos livros didáticos

Na década de 80, os negros eram retratados de forma estereotipada e desumanizada.

Na década seguinte, houve uma mudança significativa nessa representação.

A doutora em educação, Ana Célia da Silva, analisou 15 publicações do ensino fundamental e percebeu que, em cinco delas, o negro foi retratado sem sinais de preconceito.

Nesses livros, os personagens têm status de classe média e são apresentados em atividades de lazer, interagindo com crianças de outras etnias, com nome próprio, sem aspecto caricatural, frequentando a escola, ou já adultos em profissões diversificadas.

“Os personagens têm roupas, fardas, se abraçam, não são citados como filhos da empregada”, contou a educadora. Nos outros 10 livros, apesar de algumas mudanças, os negros estão estereotipados, há pouca interação e não vão muito à escola.

A convivência com afrodescendentes, o conhecimento sobre a cultura africana e a aprovação de leis como a 10.639 foram apontados como fatores determinantes para a mudança, segundo os ilustradores entrevistados. “Mas as críticas sobre o livro didático, a mídia, a família e as ações do movimento negro tiveram papel importante”, contou a professora.

PRESENÇA – Apesar da mudança na maneira em que são apresentados, os negros continuam sendo menos frequentes nas páginas dos livros. “É senso comum de que ainda somos minoria. Foram 1.360 ilustrações de brancos contra 151 de negros. Percebo que não é intencional por parte dos ilustradores. É um desafio a ser vencido”, afirmou a pesquisadora.

Para a autora, a transformação mais significativa foi a desconstrução do estigma da incompetência. Em uma ilustração do livro Porta de Papel, a professora elogia o aluno Fábio depois de um trabalho. “Tirar a questão de incapacidade do negro é muito importante”, disse Ana Célia.

OBRA – A análise completa pode ser conferida na obra “A representação social do negro no livro didático: o que mudou? Por que mudou?”, que foi lançado nesta quarta-feira, 24/08, no auditório do Centro de Educação Afro-Orientais (Ceafro), Largo Dois de Julho. Salvador/BA.

Fonte: Mulher Negra

+ sobre o tema

Enem 2024: Inep divulga resultado; confira

O resultado do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) foi divulgado...

Fies: programa terá 56 mil vagas para inscritos no CadÚnico

Das 112.168 novas vagas anunciadas pelo Ministério da Educação...

Sisu 2025: inscrições começarão em 17 de janeiro

As inscrições para a edição do Sistema de Seleção...

para lembrar

Adiada para dezembro decisão sobre uso de obra de Monteiro Lobato

A Câmara de Educação Básica decidiu adiar para a...

“Na rua como você detecta ladrão? Primeiro olha a cor” diz professor da UFRJ

O Centro Acadêmico de Engenharia da UFRJ (Universidade Federal...
spot_imgspot_img

Universidades federais oferecem curso sobre relações étnico-raciais

Destinado a profissionais da educação básica, o curso de extensão em Formação para Docência e Gestão para a Educação das Relações Étnico-Raciais e Educação...

Enem 2024: Inep divulga resultado; confira

O resultado do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) foi divulgado nesta segunda-feira (13) de manhã. Os estudantes podem conferir o desempenho nas provas de linguagens,...

Ensino de cultura afro é obrigatório há 22 anos, mas requer avanços

Nos cadernos e livros das crianças, a maioria dos heróis brasileiros, dos escritores, das histórias revolucionárias de estrangeiros e de descobertas é de personagens brancos. “Isso...
-+=