Não há emancipação no faz de conta da inclusão nas terras de Cabral.

Por Arísia Barros

O racismo contemporâneo traduz o grande conflito entre as noções dos direitos humanos e a execrável, irracional e subjacente retórica político-ideológica do estado brasileiro: Negro não pode!

O racismo é a ponta do iceberg do autoritarismo da minoria esmagadora, composta na sua grande maioria por homens brancos, os latifundiários das terras de Cabral , que dissimulam a incapacidade da não democratização dos espaços de oportunidades iguais para a grande maioria, impondo o discurso letal da criminalização dos diferentes. Discurso este plenamente aceito por tant@s e muit@s de nós.

Exemplo disso é o nosso povo se apropriando das metáforas escravistas ao clamar pela pena de morte para crianças e adolescentes infratores, na sua grande maioria de pele parda ou preta. Claro, desde que os supostos executados não sejam suas crias ou um ente familiar.

Faz tempo uma porção considerável da sociedade, assumindo uma passividade anêmica, torna-se o braço racista do estado em seus delírios de poder único, hegemônico. Apreendemos o canibalismo dos homens brancos. Os donos do poder.

E esse canibalismo antes de ter uma classe social, tem cor.

Lembram da menina-bonita-de-laço-de-fita-e-branca-e-milionária que encomendou friamente, junto com o namorado e comparsa a morte dos pais?

E a sociedade complacente a beleza da moça loira reafirmou os visíveis desequilíbrios das relações étnicas nas terras descobertas por Cabral e alimentada pela incorporada e vitalícia herança política de desafricanização.

E ecoavam em um estupor de lamento parcial: Coitadinha! Tão bonita e assassina! A grande mídia ainda, descrente da culpabilização da “princesa” especulou por um longo tempo os “motivos” para o cruel e injustificado crime de parricídio e matricídio.

O povo de pele preta é o alvo em potencial da desconfiança social. Para o estado são os novos “escravos” urbanos no renovado navio negreiro.

Ele era um homem branco, bem vestido- diz o gerente de pele preta do banco- descrevendo o autor do roubo. Nem parecia ser ladrão!

Somos o mito unificador do suspeito, sem atenuante. Os procurados número um, desde o tempo de Isabel, a princesa.

O racismo na sociedade é o reflexo do descompromisso institucional das agendas do “meu Brasil varonil’ em descontrair estruturalmente o sistema colonial da escravatura que continua a pleno vapor.

Piuí piuí.. piuí… piuí…

A máquina estatal instrumentaliza “a factóide inclusão social do povo de pele preta” , com a sanção de políticas públicas, sem orçamento,visando tão somente delimitar os espaços,como manipulação ideológica.

E o pai-patrão transvestido de estado cotidianamente tem advogado para si o direito de estabelecer o stutus quo de cada individuo.

O status quo do povo de pele preta ou parda no Brasil é o da sub-cidadania.

Não há emancipação no-faz-de-conta da inclusão nas terras de Cabral.

O racismo é volátil

 

 

Fonte: Cada Minuto

+ sobre o tema

Quilombolas vencem eleição para prefeito em 17 cidades

Candidatos que se declararam quilombolas venceram as eleições para...

Saiba quem são os 55 vereadores eleitos para a Câmara Municipal de São Paulo em 2024

Os moradores de São Paulo elegeram 55 vereadores neste...

Constituição, 36 anos: defender a democracia

"A Nação quer mudar. A Nação deve mudar. A Nação...

A cidadania vai além das eleições

Cumprido ontem o dever cívico de ir às urnas...

para lembrar

Embaixadora americana na ONU chega ao Brasil; guerra da Ucrânia deve ser abordada

A embaixadora dos Estados Unidos na Organização das Nações...

Classe Média mundial, não se assuste. Estamos em formação.

No mês da História Negra nos EUA, Beyoncé não...

O lixo do Carnaval diz muito até sobre injustiça reprodutiva

Desde que tomei ciência da “sopa plástica do Pacífico”,...

Marina vira “celebridade” no Dia da Terra

Por: MALU DELGADO   Pré-candidata do PV, Marina, que articula encontro...

Eleições municipais são alicerce da nossa democracia

Hoje, 155,9 milhões de eleitores estão aptos a comparecer às urnas e eleger seus prefeitos e vereadores. Cerca de 400 mil candidatos, sendo 13.997...

Eleição: Capitais nordestinas matam 70% mais jovens que Rio de Janeiro

As capitais nordestinas matam cerca de 70% mais jovens do que a cidade do Rio de Janeiro, que costuma estar nos noticiários com cenas...

Cresce número de empresas sem mulheres e negros em cargos de direção, mostra B3

A presença de mulheres e pessoas negras em cargos de direção em empresas listadas na bolsa brasileira regrediu em 2024, em comparação com o...
-+=