Novo Índice de Desenvolvimento Humano mostra desaceleração geral no crescimento pelo mundo

O Relatório de 2014 revela também que a desigualdade global teve ligeira diminuição na maioria das regiões devido, principalmente, às melhorias nos indicadores de saúde.

Os níveis de desenvolvimento humano continuam a crescer – ainda que o ritmo tenha desacelerado em todas as regiões e o progresso tenha sido altamente desigual, de acordo com o último Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) incluído no Relatório do Desenvolvimento Humano 2014: Sustentar o Progresso Humano: Reduzir as Vulnerabilidades e Reforçar a Resiliência, publicado hoje pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD).
Os grupos de mais baixo desenvolvimento humano mostram melhora a um ritmo mais elevado – há motivos para acreditar que a diferença entre os grupos de alto e baixo desenvolvimento humano esteja diminuindo.
O Zimbábue, por exemplo, foi o país que mais avançou no IDH devido a um aumento significativo da expectativa de vida – de 1,8 ano entre 2012 e 2013, quase quatro vezes maior que o crescimento médio global.
Este ano, os rankings se mantiveram inalterados em ambas as extremidades do IDH. Noruega, Austrália, Suíça, Holanda e os Estados Unidos permanecem no topo por mais um ano, enquanto Serra Leoa, Chade, República Centro-Africana , República Democrática do Congo e Nigéria continuam no final da lista.
Apesar dos ganhos gerais no desenvolvimento humano, o progresso em todas as regiões desacelerou de 2008 a 2013, quando comparado ao período de 2000 a 2008. Nas regiões da Ásia e do Pacífico e da América Latina e do Caribe, bem como nos países árabes, o crescimento médio anual do IDH caiu quase pela metade neste mesmo critério de comparação.
Este ano, as quedas mais acentuadas  nos valores do IDH ocorreram na República Centro-Africana, Líbia e Síria, onde conflitos recorrentes contribuíram para um declínio na renda.
O Relatório deste ano apresenta os valores do IDH de 187 países e é o primeiro índice a usar as mais recentes taxas de conversão de moedas nacionais em Paridade de Poder de Compra (PPP, na sigla em inglês) do Programa de Comparação Internacional (International Comparison Program), divulgadas pelo Banco Mundial em maio de 2014.
A desigualdade de renda continua a crescer e a educação segue marcada pela desigualdade persistente 
O Relatório de 2014 revela que a desigualdade global teve ligeira diminuição na maioria das regiões, como mostra o Índice de Desenvolvimento Humano Ajustado à Desigualdade (IDHAD). Isso decorre, principalmente, das melhorias nos indicadores de saúde nos últimos anos.
No entanto, a desigualdade de renda aumentou em várias regiões, inclusive entre países de Muito Alto Desenvolvimento Humano. Apesar de registrar a maior queda na desigualdade geral este ano, a região da América Latina e do Caribe continua sendo a que apresenta a maior desigualdade de renda.
As elevadas disparidades na educação persistem. O Relatório mostra que as gerações mais velhas continuam a lutar contra o analfabetismo, enquanto os mais jovens têm dificuldade em fazer o salto do ensino primário para o secundário. Os mais altos níveis de desigualdade na educação são encontrados no sul da Ásia, nos países árabes e na África Subsaariana.
O IDHAD, calculado para 145 países, mostra que os níveis mais baixos de desigualdade são encontrados na Noruega, Finlândia e República Checa.
Quando classificados pelo IDHAD, alguns países perdem posições no ranking referente ao grupo de 145 países para os quais o índice teve aplicação.
Nos Estados Unidos, a Renda Nacional Bruta (RNB) per capita é mais elevada do que no Canadá. Mas quando a RNB é ajustada à desigualdade, acontece o inverso. Da mesma forma, países como Botswana, Brasil e Chile passam por grandes ajustes da RNB per capita, refletindo ainda condições elevadas de desigualdade neste área.
Em 16 países, o IDH para mulheres é igual ou maior que o IDH para os homens 
O novo Índice de Desenvolvimento de Gênero , que pela primeira vez mede a diferença entre os sexos em conquistas de desenvolvimento humano para 148 países, revela que em 16 deles (Argentina, Barbados, Bielorrússia, Estônia, Finlândia, Cazaquistão, Letônia, Lituânia, Mongólia , Polônia, Rússia, Eslováquia, Eslovênia, Suécia, Ucrânia e Uruguai), os valores do IDH para mulheres são iguais ou maiores do que aquele para os homens. Para alguns desses países, isso pode ser atribuído a um maior grau de escolaridade feminina; para outros, decorre de uma expectativa de vida significativamente mais longa para o sexo feminino – cerca de cinco anos a mais do que a de homens. O Afeganistão, onde o índice de desenvolvimento humano para as mulheres equivale a apenas 60% do valor para os homens, é o país mais desigual nesta medição.
Em todo o mundo, os valores de IDH para as mulheres são 8% inferiores aos dos homens, com grandes variações entre os países. No entanto, o Índice de Desigualdade de Gênero mostra que a disparidade entre os sexos na renda nacional bruta per capita estimada é muito alta: a renda per capita para os homens a nível global é mais que o dobro da renda para as mulheres.
Atualizações sobre outros índices de desenvolvimento humano 
O Índice de Desigualdade de Gênero (IDG) mostra um declínio geral. No entanto, apesar das melhorias na saúde e do crescente progresso na educação e na representação parlamentar, o empoderamento das mulheres ainda está atrasado. A Eslovênia ocupa a mais alta posição neste índice, enquanto o Iêmen mostra a maior desigualdade de gênero.
O Índice de Pobreza Multidimensional (IPM) do PNUD mostra que as privações estão em declínio, de maneira geral, mas um grande número de pessoas – cerca de 1,5 bilhão nos 91 países em desenvolvimento pesquisados – ainda são multidimensionalmente pobres e cerca de 800 milhões correm o risco de cair para esta categoria se ocorrerem contratempos, sejam0 financeiros, naturais ou outros.
O Sul da Ásia possui a maior população multidimensionalmente pobre, com mais de 800 milhões de pobres e cerca de 270 milhões quase pobres – ou seja, mais de 71% de sua população. Isso faz com que a região hospede 56% dos pobres e mais de 35% das pessoas quase pobres de todo o mundo.
O PNUD é comprometido com a total transparência. Os programas de computador necessários para a estimativa do IPM de cada país estão agora disponíveis publicamente no site.
Sobre o IDH
O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) foi introduzido no primeiro Relatório do Desenvolvimento Humano, em 1990, como uma medida composta de desenvolvimento que desafiou as avaliações puramente econômicas de progresso nacional. O IDH do Relatório de 2014 abrange 187 países e territórios. (Como foi o caso no ano passado, o IDH não pôde ser calculado para a República Popular da Coréia, Ilhas Marshall, Mônaco, Nauru, San Marino, Somália, Sudão do Sul e Tuvalu).
O IDH utiliza as mais recentes taxas de conversão do Banco Mundial sobre as moedas nacionais para paridade de poder de compra (PPP, sigla em inglês), publicadas em maio de 2014. Estas novas taxas em PPP são baseadas nas pesquisas do Programa de Comparação Internacional de 2011, que é realizada a cada seis anos. Os valores e rankings do IDH, como apresentados na Tabela 1 do Anexo Estatístico do Relatório, são calculados utilizando os mais recentes dados internacionalmente comparáveis para a saúde, educação e renda. Os valores e os rankings anteriores são retroativamente recalculados utilizando os mesmos conjuntos de dados atualizados e metodologias atuais, conforme apresentado na Tabela 2 do Anexo Estatístico. É equivocado comparar os rankings e os valores do IDH no Relatório do Desenvolvimento Humano 2014 com rankings e valores publicados em Relatórios do Desenvolvimento Humano anteriores.
Materiais de apoio:
 

Perguntas Frequentes IDH

Perguntas Frequentes IDHAD

Perguntas Frequentes IPM

Perguntas Frequentes IDG

Perguntas Frequentes IDevG

Nota Explicativa Brasil

Nota Explicativa América Latina e Caribe

Foto: Kenia Ribeiro

 

Fonte: PNUD

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