Preta, arquiteta e urbanista, servidora da Câmara Municipal de São Paulo, colunista, Joice Berth escreve sobre negritude, educação e revolução.
Por Joice Berth, no Cada Minuto

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“Para a pessoa branca estudar é necessário. Para a pessoa negra é fundamental. É questão de sobrevivência também, ler e refletir sobre o pensamento branco e sobre o pensamento negro. E refletir muito. Mas muito mesmo. Até a exaustão. Essa é a única possibilidade de libertação que temos, nós pessoas negras, em um mundo construído sob a idéia de que nossa alienação é facilitadora do nosso aprisionamento. Estudar também é um ato de rebeldia, também é uma luta. O Brasil está em um processo avassalador que é conseqüência de séculos de trabalho de alienação de mentes. O estudo, a informação, o aprendizado tem sido elitizado, acessível apenas para a parte que quer dominar, a parte privilegiada. Olha a diferença da qualidade e do preço de uma escola pública e de uma escola particular. Não é por acaso. Ao pobre, que não por acaso é preto, o pior ensino. Ao rico, que não por acaso é branco, as mais sofisticadas e caras escolas, além de curso de idiomas, cursinho universitário, etc.
A burrice da massa popular é um plano político. Não é brincadeira não minha gente.
E isso se mostra com força nesse momento do país. Não adianta vociferar bobagens… Não adianta lutar sem raciocínio bem alimentado. Vamos estudar minha gente… Informação é poder. Não por acaso, as cotas raciais estão é sempre estarão na mira dos poderosos. Negro burro é negro passível de ser escravizado de todas as formas possíveis e imagináveis. Pensam nisso. Não se faz revolução sem um livro na mão.”
Texto publicado originalmente no Facebook