A presidente Dilma Rousseff colocou em prática, nesta sexta-feira, 27, a estratégia de comunicação digital para as eleições de 2014 e lançou um novo portal com todos os serviços do governo federal, uma página do Palácio do Planalto no Facebook e uma conta no Instagram. Também foi reeditada a conta do Twitter pessoal da presidente, desativada desde as eleições de 2010.
O principal motivo de toda essa operação foi melhorar a comunicação na internet após as manifestações de junho, quando o governo não foi capaz de detectar a insatisfação e a mobilização popular. Como consequência, a popularidade da presidente desabou. Outra razão é a experiência petista nas eleições de 2010. Uma cruzada virtual emparedou a então candidata petista, que circulou na rede como defensora do aborto.
Apesar de ter quase 2 milhões de seguidores na rede de microblogs, a presidente havia abandonado seu perfil em dezembro de 2010, logo depois de ser eleita. O Palácio do Planalto tem uma página e um blog, mas o próprio governo admite que usa mal as redes sociais.
Durante as manifestações de junho, quando boa parte dos protestos foi marcada usando justamente as redes sociais, o distanciamento do governo ficou mais claro. Foi preciso colocar a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) para monitorar as redes e tentar prever onde surgiriam novos atos. Na avaliação pós-protestos, o governo concluiu que faltava uma interlocução com a juventude.
Agora, o governo pretende usar todas as ferramentas disponíveis. Mas houve problemas ontem no lançamento do novo portal brasil.gov.br. Ele chegou a ficar inacessível logo depois de ir ao ar.
Coordenado pelo porta-voz da Presidência, Thomas Traumann, e por Valdir Simão, que foi secretário executivo do Ministério do Turismo, o “Gabinete Digital” pretende abrir um canal para discutir as políticas públicas com a população. Deverá ser criada a sessão chamada “Fale com a Presidente”. Uma equipe responderá, em nome de Dilma, aos internautas.
“Queremos construir uma prática sistemática de ouvir as ruas, de ouvir o que querem as universidades, de ouvir o que querem as pessoas das cidades e do campo e também ouvir as redes sociais. É preciso ter com as redes sociais uma interação”, afirmou a presidente no lançamento do projeto, no Palácio do Planalto.
“É um processo de melhoria da qualidade do serviço e do grau de informação para criticar, apresentar sugestões ou para intervir”, disse a presidente Dilma Rousseff.
Para Valdir Simão, o gabinete será uma tentativa de aproximar o governo da sociedade brasileira. Traumann declarou que “é uma maneira de a sociedade interferir no que o governo está fazendo, não apenas depois”. “É preciso saber ouvir e responder as demandas da sociedade”, disse o porta-voz.
A equipe que cuidará do Gabinete Digital, lotada no Palácio do Planalto, contará com cerca de 20 funcionários.
Fonte: Estadão