Retirada preventiva de mama dobra nos EUA

Fonte: Folha de São Paulo-

Entre 1995 e 2005, houve queda no número de mastectomias terapêuticas

Fenômeno também vem sendo observado no Brasil; para especialistas, casos aumentam pelo diagnóstico precoce e avanço na cirurgia


O número de mulheres que optaram pela mastectomia preventiva dos dois seios dobrou nos EUA em 11 anos, aponta levantamento do Roswell Park Cancer Institute de Nova York publicado na revista “Cancer”.
Estão nesse grupo as pacientes que tiveram câncer diagnosticado em apenas uma das mamas, as que apresentaram lesões chamadas pré-cancerígenas, as que tinham histórico familiar de tumores e as portadoras dos genes BRCA1 e BRCA2 (marcadores de risco).

De acordo com a pesquisa, que avaliou 69.831 mulheres, o número de mastectomias terapêuticas (para tratar cânceres invasivos) caiu, enquanto a proporção de procedimentos profiláticos passou de 5,6% para 14,1% entre 1995 e 2005.

O Inca (Instituto Nacional de Câncer) não tem dados sobre mastectomias no Brasil -nem terapêuticas nem preventivas. Segundo mastologistas consultados pela Folha, no entanto, o país segue a tendência crescente observada nos EUA.

O mastologista Waldemir Rezende, diretor do curso de medicina da Unisa (Universidade Santo Amaro), atribui o aumento dos procedimentos preventivos ao diagnóstico mais precoce e ao avanço das técnicas cirúrgicas para retirada e reconstrução da mama.

“Mais mulheres estão fazendo a mamografia rotineiramente e detectando alterações pré-cancerígenas nas mamas. Nesses casos, existe indicação cirúrgica, pois o resultado final é muito melhor e a paciente ainda reduz em 90% o risco de o câncer aparecer”, afirma.

O geneticista José Cláudio Casali, responsável pelo Banco Nacional de Tumores do Inca, diz que, nos últimos dez anos e com o auxílio do aconselhamento genético, está sendo possível indicar essa cirurgia com mais tranquilidade -principalmente para aquelas mulheres que já têm um tumor invasivo em uma das mamas.

“A mulher considera apavorante a ideia de receber um segundo diagnóstico de câncer. Além disso, o risco de ela desenvolver o tumor na segunda mama é de 40%. Por isso, a mastectomia profilática é bem indicada nessas pacientes”, diz.

Fabiana Baroni Makdissi, mastologista e coordenadora do Grupo de Apoio à Mulher com Câncer do Hospital A.C.Camargo, também observa o crescimento no número de procedimentos, mas diz que é preciso avaliar bem as indicações para evitar o exagero e a banalização da técnica.

“Se bem indicada, a mastectomia preventiva proporciona uma série de benefícios. Mas isso depende de uma rigorosa análise médica. O que não pode é fazer a cirurgia em mulheres sem indicação, pois aí você passa uma falsa ideia de proteção para a paciente”, diz Makdissi.

Indicações

Não existe um consenso sobre as principais indicações para a cirurgia preventiva. Mesmo assim, os especialistas seguem alguns critérios: pacientes diagnosticadas com hiperplasia atípica (lesões pré-cancerígenas), carcinoma ductal in situ (câncer que ainda não invadiu os tecidos), histórico familiar (com dois ou mais parentes de primeiro grau com a doença), ou mulheres portadoras dos genes BRCA1 e BRCA2.

Para Casali, esses critérios devem ser seguidos à risca pelos médicos para evitar o que eles chamam de “cancerofobia”. “As mulheres têm pavor do câncer, pois ele as atinge em idade produtiva e mexe com a sexualidade e com a autoestima. Mas a cirurgia também tem riscos e podem surgir complicações”, pondera.

Segundo ele, os problemas mais comuns que podem decorrer da operação são necrose da pele e resultado estético final não satisfatório.
Para Casali, mulheres com a mama perfeita, mesmo que tenham histórico familiar, não devem fazer a cirurgia -podem apenas ser acompanhadas mais de perto. “Essa paciente deve fazer mamografia mais cedo, ultrassom das mamas duas vezes ao ano e, se necessário, tomografia. Não é o caso de indicar a cirurgia preventiva.”

 

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