Site Transerviço conecta profissionais trans e travestis a empresas sem preconceito

O Brasil é o país que mais mata transexuais e travestis no mundo.

de Luiza Belloni no HuffPost Brasil

Segundo dados da RedeTrans (Rede Nacional de Pessoas Trans do Brasil), 82% das mulheres transexuais e travestis abandonam o ensino médio por causa da discriminação na escola e, em alguns casos, pela falta de apoio da família. Sem opção, 90% acabam na prostituição, enquanto homens trans recorrem a subempregos, fruto da mesma discriminação transfóbica.

Na tentativa de ajudar essa população, foi lançado o Transerviço, plataforma que busca conectar profissionais transexuais e travestis que queiram oferecer serviços com empresas interessadas em contratar sem preconceitos.

O site nasceu como desdobramento do projeto Transempregos, que disponibiliza vagas de empregos formais para trans e travestis.

A plataforma Transerviço foi idealizada por Daniela Andrade e desenvolvido pela ThoughtWorks, consultoria que cria e entrega softwares.

“No Brasil, é muito difícil ver pessoas trans e travestis no mercado formal, e as que não querem se prostituir acabam fazendo trabalhos manuais, como cabeleireiro, culinária, pintura, marcenaria. Então, pensamos em fazer uma plataforma que disponibilize esse elo: os que querem ajudar com a população trans que disponibiliza o serviço”, conta Andrade.

O site tem dois propósitos. O primeiro é voltado ao profissional trans ou travesti que quer ofertar seu trabalho e para pessoas que são sensíveis à causa e contratam os serviços desse profissional.

O segundo objetivo é criar um banco de profissionais e estabelecimentos que atendam essa população sem discriminação.

“Geralmente, pessoas trans e travestis são associadas a DSTs (doenças sexualmente transmissíveis) e muitos profissionais se recusam a atendê-las. Elas sofrem muito preconceito até mesmo quando precisam de ajuda”, explica Andrade.

A proposta é que profissionais das mais diferentes especialidades, como cabeleireiros, médicos, dentistas e advogados, deixem seus contatos se desejam oferecer seus serviços à população.

Ainda segundo a idealizadora, a proposta do site é atender as pessoas trans e travestis que não querem se prostituir. Para isso, filtros foram criados para barrar palavras associadas à prostituição.

Questionada sobre ações de haters ou preconceituosos, como possíveis pegadinhas ou ofensas, a idealizadora diz que estão criando mecanismos de segurança. “Ainda não temos como garantir que todas as pessoas que vão publicar ofertas de emprego e serviço têm boas intenções, mas temos filtros automáticos e mais pra frente teremos pessoal administrando os cadastros.”

O projeto não tem fins lucrativos, afirma Andrade. “O objetivo é minimizar o sofrimento de uma população completamente marginalizada”, resume.

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