O Brasil tem número suficiente de mamógrafos. Apesar disso, não consegue fazer o número adequado de exames para diagnosticar o câncer de mama. A conclusão é da Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM), que recomenda mais campanhas de conscientização, redistribuição de equipamentos e realização de busca ativa por mulheres na faixa etária para fazer o exame.
Por Vinícius Lisboa da Agência Brasil
De acordo com o presidente da Comissão de Imaginologia da SBM, José Luis Esteves, há uma sobra de aparelhos, “mesmo na rede pública, mas eles estão mal distribuídos. A maioria está nas regiões Sul e Sudeste. No Norte e Nordeste, há menos”. Esteves destacou a necessidade de levar mamógrafos às comunidades ribeirinhas e localidades distantes, onde mulheres têm de percorrer longas distâncias para fazer o exame.
Segundo Esteves, a principal medida deve ser a realização da busca ativa, com o cruzamento de dados para identificar mulheres que negligenciam o exame.
Pesquisas do Sistema Único de Saúde (SUS), do Programa de Saúde da Família e até informações populacionais poderiam ser usadas para redistribuir os mamógrafos para locais onde são feitos menos exames e localizar mulheres com mais de 40 anos que não vem realizando anualmente.
Conforme levantamento da SBM, dos mais de 10 milhões de mamografias esperadas pelo Instituto Nacional de Câncer (Inca) para mulheres de 50 a 60 anos, apenas 2,5 milhões foram feitas. Para Esteves, os motivos são muitos, entre eles, desinformação, medo e falta de campanhas.
“Um dos fatores é o medo que algumas mulheres têm do exame. Ele causa desconforto, mas é totalmente suportável. Dura de 10 a 15 segundos”, disse José Luis Esteves. Ele destacou que há mulheres que têm medo de saber o resultado do exame. “Isto é desinformação. Não é o exame que causará a doença. Se ela tiver, quanto mais cedo diagnosticar, melhor.”
Além de campanhas governamentais e da busca ativa, Esteves ressaltou que a família e as empresas podem ter papel fundamental no aumento do número de mamografias feitas: “toda pessoa que puder atingir a mulher nessa faixa etária pode ajudar. Médicos e profissionais de saúde de todas as especialidades devem recomendar a realização anual do exame às mulheres com mais de 40 anos”, acrescentou.
Em 2013, o governo do Canadá fez uma pesquisa sobre o tema. Publicado ano passado, o resultado reforçou a necessidade de investir na mamografia como instrumento de redução da mortalidade por câncer de mama. Quase 3 milhões de mulheres de 40 a 79 anos foram acompanhadas durante 19 anos. A pesquisa constatou redução de 40% na mortalidade de mulheres que fizeram anualmente a mamografia.