TERREMOTO MAIS FORTE EM 200 ANOS DEVASTA CAPITAL DO HAITI

Um forte terremoto, de 7 graus na escala Richter, provocou grande destruição na região de Porto Príncipe, capital do Haiti. O tremor, sentido por volta das 17h de ontem (20h em Brasília), foi seguido de várias réplicas e, segundo as primeiras informações, derrubou prédios públicos, incluindo a sede do governo, e pode ter causado milhares de mortes.

Conforme indicou o Serviço Geológico dos Estados Unidos (USGS), o epicentro do abalo sísmico foi registrado em terra firme, a 15 quilômetros de Porto Príncipe e 10 quilômetros de profundidade. Um alerta de tsunami chegou a ser emitido para a região, mas foi retirado pouco tempo depois.

As comunicações foram interrompidas, o que torna difícil obter um panorama mais preciso da tragédia. Não há dados oficiais sobre mortos ou feridos. Contudo, relatos de testemunhas dão conta de uma destruição de grandes proporções. Este foi o pior terremoto na região em 200 anos.
Um dos edifícios da Organização das Nações Unidas (ONU) na cidade, localizado na parte alta da cidade e conhecido como Hotel Cristopher, “desabou”, afirmou à imprensa em Nova York o subsecretário-geral para Operações de Paz, Alain Le Roy.

A entidade mantém no país, por meio de uma missão de paz e estabilização, 7.000 militares e cerca de 2.000 policiais, além de aproximadamente 1.600 funcionários civis.

As forças estão atualmente sob o comandado do Brasil, que tem 1.266 homens no Haiti. A missão foi criada em 2004, após a queda do presidente Jean Bertrand Aristide. Por meio de um comunicado divulgado ontem, o Ministério da Defesa do Brasil informou que algumas das instalações usadas pelas tropas do país sofreram danos. Hoje, foi confirmado que há militares brasileiros desaparecidos.

A sede do governo também foi atingida. Segundo o relato de um jornalista da emissora Haitipal, “o Palácio Nacional, os ministérios das Finanças, Trabalhos Públicos, Comunicação e Cultura, bem como o Palácio de Justiça e a Escola Normal Superior” se converteram em escombros.

O profissional disse que as sedes do Parlamento e a catedral de Porto Príncipe também vieram abaixo. Apesar disso, de acordo com o embaixador dos EUA no Haiti, Raymond Alcide Joseph, o presidente René Preval e sua esposa, Elisabeth Debrosse Delatour, estão a salvo.
“São edifícios muito robustos. Se estes sofreram danos, não quero imaginar o que pode ter ocorrido com a grande quantidade de construções precárias que se encontram nas colinas de Porto Príncipe”, disse o embaixador. “Penso que se trata de uma catástrofe colossal. É o pior dia da história do Haiti.”

O secretário de Estado francês para a Cooperação, Alain Joyandet, informou que cerca de 200 pessoas estão desaparecidas entre os escombros de um dos principais hotéis de Porto Príncipe.

“Disseram-nos que o Hotel Le Montana desmoronou. Disseram-nos que havia 300 pessoas dentro e que apenas 100 conseguiram sair, o que nos preocupa muitíssimo”, contou.

O estabelecimento, localizado nas colinas que rodeiam a capital, é um dos mais luxuosos da capital haitiana. Paris prometeu enviar ao país dois aviões com ajuda humanitária.

Outras nações, incluindo o Brasil, e órgãos internacionais já adiantaram que farão o mesmo. O Banco Mundial, que teve seus escritórios atingidos, indicou que deve mandar uma equipe ao Haiti.

O Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), por sua vez, anunciou a liberação de um subsídio emergencial de US$ 200 mil para comida, água, remédios e abrigo. Governos de países como Canadá, Colômbia, Itália, México e Venezuela também prometeram auxílio.
“O Haiti não está em condições de enfrentar situações graves como a que, infelizmente, deveremos enfrentar a partir de agora”, disse à rede de TV norte-americana CNN Gerard Latourtou, ex-primeiro-ministro do Haiti.

Segundo testemunhas, alguns bairros da capital foram cobertos por uma espessa nuvem de poeira. Um hospital teria desabado em Pétionville, periferia de Porto Príncipe.

“Grande parte das casas e edifícios de Porto Príncipe são construções precárias”, recordou Latourtou. “O centro está destruído, é uma verdadeira catástrofe”, afirmou, por sua vez, um habitante da cidade.

Nos Estados Unidos, momentos depois da tragédia o presidente Barack Obama prometeu enviar ajuda. “Estamos monitorando de perto a situação e prontos para ajudar”, disse ele, que direcionou seus “pensamentos e orações” ao povo do Haiti.

A secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, reafirmou que o país está pronto a direcionar auxílio. “Estamos prontos para enviar meios civis e militares e ajudar as pessoas atingidas pelo desastre”, disse.

“Estamos ainda buscando informação sobre este catastrófico terremoto para estabelecer o ponto de impacto e os efeitos sobre o povo de Haiti”, prosseguiu. “Ofereceremos a mais ampla assistência ao Haiti e outros países da região. Nossas orações vão para todos aqueles que sofreram as consequências.”

Um porta-voz do Departamento de Estado norte-americano disse que se espera “um alto número” de perda de vidas. “Há números muito significativos”, disse P.J. Crowley, após receber informações da embaixada dos EUA no Haiti.

O primeiro e mais forte tremor, de 7 graus, ocorreu por volta das 16h53 locais. Em seguida, duas réplicas, de 5,9 e 5,5 graus, foram sentidos. Vários terremotos menores continuaram a serem registrados durante a noite.

Após o primeiro abalo sísmico, o Centro de Advertência de Tsunamis dos EUA chegou a emitir um alerta para Haiti, Cuba, República Dominicana e Bahamas, mas a medida acabou suspensa pouco tempo depois.

O tremor também foi sentido no leste de Cuba, mas sem grandes consequências, segundo informações divulgadas até o momento, e na República Dominica, que divide com o Haiti a ilha de Hispaniola. Neste país, o terremoto chegou a causar preocupação.

O Haiti é o país mais pobre do Hemisfério Ocidental. De deus 9.035.536 de habitantes, só 3,4% têm uma esperança de vida superior aos 64 anos. A renda anual per capita é de US$ 1.300, dado que coloca o Haiti no posto 203 entre os 229 países do mundo. O desemprego atinge 60% da população.

A taxa de alfabetização é de 45% e a expectativa de vida, de 50 anos. A grande maioria (95%) da população é formada por negros. O país, que tem uma superfície de 27 mil quilômetros quadrados, costuma sofrer com a passagem de furacões por seu território.

A Organização dos Estados Americanos (OEA) lamentou que “a desgraça” atinja um povo já tão castigado. O secretário-geral da entidade, José Miguel Insulza, pediu à comunidade internacional que se mostre solidária.

“É neste momento que os povos, os governos e os líderes deste continente, como vizinhos e irmãos do povo do Haiti, devemos mostrar solidariedade e apoio de maneira real, efetiva e imediata”, afirmou. (ANSA)

Fonte: AnsaLatina

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