Pra conhecermos nossa história;
Pelo matriarcado africano;
Pela queda dos verdadeiros culpados;
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O objetivo deste pequeno compilado é apresentar/divulgar/lembrar referências em português que falem do matriarcado africano e do lugar da mulher em África desde a antiguidade até os tempos atuais. Uma vez que o Mulherismo Africana é uma epistemologia afrocêntrica, um dos seus fundamentos é compreender a história da mulher africana a partir do viés africano.
Toda vez que falo de matriarcado africano, alguém saca do bolso um “mas na África existe mutilação genital feminina”. De fato, essa prática horrenda existe na África, mas não é africana. Ela é uma prática ligado ao islã, e O ISLAMISMO NÃO É AFRICANO, e sim uma religião introduzida À FORÇA no continente pelas jihads dos anos 639-642 (ASANTE, 2003). Ao contrário do que dizem, o islã (assim como o cristianismo) nunca foi exemplo de religião de paz (pelo menos não com os povos pretos). É a partir da invasão da África pelo Império Árabe a partir do século VIII que se inaugura a primeira escravidão de base racial da história, e é interessante observar como o racismo está presente até mesmo em livros sagrados: um negro piedoso se torna branco, e um branco maldoso se torna negro, por exemplo. (MOORE, 2012)
Assim, é fundamental identificar a verdadeira origem dos problemas que assolam as mulheres africanas do continente e da diáspora, caso contrário, proporemos falsas soluções. A origem do problema da subordinação feminina tem cor e ela é branca. E é contra o sistema de supremacia branca que devemos lutar, e não contra “o patriarcado”, “o machismo”, “a misoginia”, “o sexismo” separadamente.
Propositalmente, escolhi textos/livros de mulheres e homens, do continente e da diáspora, que não advém dos estudos africana (“escola mulherista”), porque senão seria óbvio, né?.
Boas leituras!
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LIVROS
1. DIOP, C. H. A UNIDADE CULTURAL DA ÁFRICA NEGRA: esferas do patriarcado e do matriarcado na antiguidade clássica. Angola: Pedago, 2014.
(De todas as indicações essa é a minha favorita. Aqui Diop descreve longamenteeeee sobre como o matriarcado africano é antagônico ao patriarcado europeu e como o patriarcado em Afrika tem íntima relação com a colonização branca. Não achei aqui no Brasil e importei de Cabo Verde, pela Aksum Ocp. Página no face: Clique aqui para acessar o facebook
2. NASCIMENTO, E.L. (Org.) A MATRIZ AFRICANA DO MUNDO. São Paulo: Selo Negro, 2008. Ver particularmente os capítulo 2 e 3, a saber:
– Introdução às antigas civilizações africanas
– As civilizações africanas no mundo antigo
3. NASCIMENTO, E.L. (Org.) AFROCENTRICIDADE: uma abordagem epistemológica inovadora. São Paulo: Selo Negro, 2009. Ver particularmente o capítulo 10: “A identidade contraditória da mulher negra brasileira: bases históricas”. Essa referência é bem importante, pois demonstra como o choque do patriarcado europeu com o matriarcado africano gerou impactos na atualidade das mulheres pretas nascidas no brasil.
4. SERTIMA, I. MULHERES PRETAS NA ANTIGUIDADE. Livro em inglês. Parte dele está traduzido aqui: É linda a descrição do papel de Hipátia e os direitos das mulheres no antigo Egito.
5. MUNANGA, K. ORIGENS AFRICANAS NO BRASIL CONTEMPORÂNEO: histórias, línguas, culturas e civilizações. São paulo: Global, 2009. Ver particularmente o capítulo 2: “Sociedades, civilizações e culturas africanas”.
6. MOORE, C. RACISMO E SOCIEDADE: novas bases epistemológicas para entender o racismo. 2a ed. Belo Horizonte: Nandyala, 2012. Ver principalmente o capítulo 4, a partir da página 118, sobre a teoria dos 2 berços: matriarcado versus patriarcado.
7. CHIZIANE, P. NIKETCHE: UMA HISTÓRIA DE POLIGAMIA. São Paulo, Companhia das Letras, 2004.
Esse é um livro de literatura,mas é bem interessante como, através das conversas entre as personagens Mauá e Rami, a autora (que é moçambicana) mostra o choque entre uma cultura patriarcal (povos do sul que foram colonizados e se tornaram cristãos) e uma sociedade matriarcal (povos do norte que mantém a sua organização social). Vale muito a pena.
ARTIGOS
Os artigos que seguem são da Bibi Bakare-Yusuf e da Oyèrónké Oyěwùmí. Particularmente, tenho dificuldade com as autoras, porque elas não rompem com as epistemologias ocidentais, mas partem delas para analisar o lugar da mulher e da família em África. Entretanto, tratam-se de análises interessantes, especialmente pela atualidade. A Bakare-Yusuf, no seu artigo, chega a afirmar que o conceito de “patriarcado” foi importado para a África, mas não pertence a ela e a Oyěwùmí afirma como nem mesmo o conceito de “gênero” é adequado para a África.
8. BAKARE-YUSUF, B. Além do determinismo: a fenomenologia da existência feminina africana. Disponível aqui
9. OYEWUMÙMÍ, O. Conceitualizando o gênero. Os fundamentos eurocêntricos dos conceitos feministas e o desafio das epistemologias africanas.
10. OYEWUMÙMÍ, O. Laços familiares/ligações conceituais. Notas africanas sobre epistemologias feministas.
HOTEP!