1ª Marsha Trans reúne ativistas e deputadas em Brasília

As deputadas Erika Hilton (PSOL-SP) e Duda Salabert (PDT-MG) foram escolhidas como madrinhas da manifestação e estarão presentes no ato

FONTECorreio Braziliense, por Mayara Souto
A passeata, que é uma iniciativa da Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra), seguirá até o Museu Nacional da República e tem como intuito festejar os 20 anos do Dia da Visibilidade Trans - (crédito: Mayara Souto/ CB/D.A Press)

A primeira edição da Marsha Trans Brasil, ocorre na tarde deste domingo (28/1), com concentração em frente ao Congresso Nacional, em Brasília. A passeata é uma iniciativa da Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra), seguirá ao Museu Nacional da República a partir das 17h e tem como intuito festejar os 20 anos do Dia da Visibilidade Trans, celebrado anualmente no dia 29 de janeiro.

Vice-coordenador do Instituto Brasileiro de Transmasculinidade (Ibrt), uma das entidades organizadoras da Marsha Trans, Enzo Gomes, 29 anos, veio de Fortaleza para participar do ato.

“Há 20 anos um grupo de travestis ocupou o Senado exigindo direitos a sua sobrevivência e a sua visibilidade com uma campanha que chamava ‘Travesti e Direitos’. Estamos relembrando esses 20 anos salientando a importância da ocupação de pessoas trans e travestis aqui em Brasília, no país, sabendo que o Brasil segue líder de assassinatos a pessoas trans. Estamos demarcando esse território para dizer que a gente pertence a esse espaço. É um espaço democrático que todas as diversidade devem ocupar. É de extrema importância que estejamos aqui”, relatou.

Entre as principais reivindicações cobradas na Marsha Trans estão a luta contra o novo RG, que mantém o “nome morto” junto ao nome social e incluiu o campo “sexo”, o direito à educação, saúde pública, segurança, memória e acesso à Justiça. Além disso, o movimento cobra cotas para pessoas transsexuais e travestis em universidades e em concursos públicos. 

“O RG que foi atualizado trás uma energia transfóbica porque nunca se viu um RG onde tivesse demarcação do sexo. Isso para nós, pessoas trans é problemático. Muitas pessoas não fizeram sua retificação que consiste na mudança do nome e do gênero na suas certidão e usam o RG para constar nome social. Isso vai nos colocar em situações constrangedoras”, aponta.

“Também tem a questão da saúde, da representatividade pública. A gente precisa de lideranças trans que pautem democraticamente nossa pauta. Não é possível fazer política para pessoas diversas sem pessoas diversas inseridas nessa política diretamente. Estamos lutando para ter pessoas trans em espaços de poder, de decisão que é extrema importante para a nossa sobrevivência no país”, acrescentou.

Camila Lima, 39 anos, mulher trans, veio de Primavera do Leste (MT) participar da 1ª Marsha Trans, em Brasília. “É um momento muito importante, são 20 anos de luta, fazemos desse espaço a oportunidade de mostrar a nossa força, nossa voz e dizer que resistimos e existimos no Brasil”, declarou. 

Ela ainda contou orgulhosa que se formou há pouco em Assistência Social e atua em uma unidade de acolhimento da sua cidade. “O preconceito ainda é muito resistente, bate muito forte neste país”, disse. 

“O direito da igualdade de alcançar espaço, ter educação, ter uma vida de qualidade e inserção na sociedade”, defendeu Camila. 

Participação política

As deputadas federais Erika Hilton (PSOL-SP) e Duda Salabert (PDT-MG) foram escolhidas como madrinhas da manifestação e estarão presentes no ato. As duas são as primeiras mulheres trans a ocuparem assento no Congresso Nacional. 

A grafia de “Marsha” é uma homenagem a ativista trans e artista estadunidense Marsha P. Johnson, ícone do movimento pelos direitos LGBTQIAP+. Marsha é uma mulher trans que teve papel de destaque na revolta de Stonewall, em 1969,que tornou-se um epicentro do levante pelos direitos da comunidade LGBT+ nos Estados Unidos.

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