Dedicado a reconhecer o trabalho de comunicadores que buscam fortalecer a cultura de doação no país, o Prêmio MOL de Jornalismo para a Solidariedade contempla produções do jornalismo tradicional, comunitário e feito por estudantes. A terceira edição da premiação ocorreu nesta terça-feira, 7 de abril, Dia do Jornalista.
Mariana Campanatti, diretora executiva do Instituto MOL, afirmou que o prêmio tem o objetivo de “ocupar a imprensa com matérias que estão trazendo soluções”, dentro de um cenário em que o Brasil ocupa apenas a 86ª posição entre os países mais generosos do mundo, segundo o ranking World Giving Index. E questionou: “A gente sabe da importância do jornalismo que traz a crise, a emergência e o problema, mas e se a gente conseguir trazer também uma perspectiva positiva?”.
A sétima temporada do podcast Essa Geração, feita numa parceria entre jovens de Geledés – Instituto da Mulher Negra e Fundação Tide Setubal, figurou entre os seis finalistas da categoria Jornalismo Tradicional (Áudio). A produção trata do tema da cultura e perpassa por conceitos como o multiculturalismo, o papel da oralidade na valorização da cultura negra no Brasil, a influência afrodiaspórica e as encruzilhadas culturais.
O primeiro lugar da categoria áudio ficou para Ruleandson do Carmo Cruz, da Rádio UFMG Educativa, com a produção “Às margens das urnas, abaixo da democracia: o voto e as pessoas em situação de rua”. Seguido por Katherine Malaquias Martins, da E-Coar, com a série “AUdoção por amor: ONGs pelo Nordeste” e por Kevin Accioly Kamada, da Rádio Brasil Campinas, com “Como é bom estar em Casa”.
Apesar de não levar o prêmio desta vez (em 2024, a sexta temporada do Essa Geração conseguiu a segunda colocação na categoria Áudio do 2° Prêmio MOL), jovens de Geledés reconheceram a importância de estarem presentes na cerimônia e terem sua produção entre as finalistas, competindo com outros trabalhos de alta qualidade.
“[O podcast] foi o projeto em que eu mais me desafiei, pude experimentar diversas áreas. Ser considerada finalista junto com meus colegas no 3º Prêmio MOL me traz um sentimento de gratidão”, afirmou Lassalette Jorge, que participou das etapas de roteiro, captação e mídias do Essa Geração Cultural.
Já, Maria Irmany, que atuou em roteiro e mídias, pontuou que ser finalista na premiação “é uma grande oportunidade de dar visibilidade ao trabalho da juventude negra”. E acrescentou: “sempre vi nosso trabalho como algo muito potente, por ser feito completamente por pessoas negras. Estar numa premiação grande é como se fosse uma luz que mostra pra gente que vale a pena continuar lutando e que existe um caminho para nós”.
Natália Carneiro, Coordenadora de Comunicação Institucional de Geledés, destacou que “para nós que viemos de uma organização da sociedade civil, disputar narrativas com a mídia tradicional é um ponto focal para dizer que estamos aqui pautando temas que nos dizem respeito e sendo produzidos pela juventude negra”.
Para Amauri Eugênio Jr, analista de comunicação da Fundação Tide Setubal, “o fato de estar entre os finalistas mostra o caráter perene e a importância dos temas apresentados pelo podcast, e principalmente, mostra que a comunicação feita de modo independente e por comunicadore jovens, tem que ser mais valorizada”.
Além da categoria Áudio, também foram premiados trabalhos dos gêneros Texto, Vídeo, Foto, Jovem Jornalista e Jornalismo Comunitário. A cerimônia contou ainda com uma fala do jornalista Caco Barcellos sobre Jornalismo de Rua e com um painel sobre Jornalismo de Causas, com Pedro Borges (Alma Preta), Marília Moreira (AzMina), Juliana Albuquerque (Rede Wayuri) e Elize Mayara (Coalizão de Mídias).