Um grupo de nove haitianos registrou um boletim de ocorrência por racismo, nesta sexta-feira (28), em Cascavel, no oeste do Paraná. Em depoimento à Polícia Civil da cidade, os estrangeiros disseram estar sendo ameaçados pelo filho do dono do prédio onde moram há um mês.
Segundo as investigações, o suspeito é um agente penitenciário de 32 anos que, em pelo menos duas situações, se passou por policial para ameaçar o grupo. “Ele estaria de posse de uma arma de fogo, não registrada, dizendo para o grupo ir embora do Brasil”, disse o delegado Pedro Fernandes de Oliveira, da Polícia Civil de Cascavel.
“Ele disse pra gente ir embora porque não está conseguindo vender apartamentos porque os compradores não querem morar no mesmo lugar onde vivem haitianos”, disse Samuel Emilcar, um dos estrangeiros que diz estar sendo vítima de racismo.
Os nove haitianos moram no Brasil desde o início de 2013 e trabalham em um frigorífico da cidade. Eles recebem uma ajuda de custo para pagar o aluguel do apartamento. No boletim de ocorrência, eles dizem também sofrer preconceito da síndica do prédio. “Segundo a denúncia, ela costuma fechar a válvula para cortar o gás do apartamento deles e forçá-los a sair do imóvel”, contou o delegado.
A síndica diz que houve corte de gás no prédio todo. “Uma única vez, tivemos um defeito que atingiu todos os apartamentos. O que eu cobrei deles (haitianos) foram apenas regras de bons costumes, como silêncio durante a madrugada, limpeza e pedi para que eles tirassem as roupas da sacada.” Já o filho do proprietário do imóvel não foi encontrado para comentar as acusações de racismo.
Todos os envolvidos serão interrogados pela polícia. Se condenados, podem pegar até cinco anos de prisão. “A lei não permite essa intolerância”, conclui o delegado.
Fonte: Paranorama