Fernanda Montenegro pediu para beijar Nathália Timberg na TV

Em entrevista ao repórter Ullisses Campbe para a ‘Veja’, a atriz voltou a criticar a homofobia contra “as duas velhas” de ‘Babilônia’

Do Sala de Estarde 

Dois anos depois, a polêmica do beijo entre as personagens Teresa e Estela ainda assombra Fernanda Montenegro, 87 anos de idade, setenta de carreira.

O selinho de alguns segundos dado por ela na colega de cena Nathália Timberg provocou um abalo sísmico na parcela conservadora dos telespectadores da Globo.

Ainda que discreta, a cena exibida logo na estreia de ‘Babilônia’ acabou equivocadamente usada como argumento para o fracasso da novela no Ibope – média geral de 25 pontos, menor audiência de um folhetim das 21h da emissora.

“Eu mesma pedi ao (autor) Gilberto Braga que escrevesse a cena do beijo no primeiro capítulo. Demos um beijinho afetuoso, de amor, sem língua ou qualquer outra coisa. Aí ocorreu aquela rejeição toda, que me surpreendeu”, relatou Fernanda Montenegro ao repórter Ullisses Campbell nas Páginas Amarelas de ‘Veja’.

A atriz tem uma explicação para o que aconteceu: “O público ficou chocado porque o beijo foi entre duas velhas. Se fosse entre jovens, ninguém reclamaria”.

A teledramaturgia já exibira outros beijos gays entre mulheres – todas mais jovens do que as octogenárias de ‘Babilônia’ – e realmente não se viu reação parecida.

Dois exemplos de ‘aceitação’: em 2011, a trama de época ‘Amor e Revolução’, do SBT, exibiu o beijo das amigas Marcela (Luciana Vendramini) e Marina (Giselle Tigre); três anos depois, Clara (Giovanna Antonelli) e Marina (Tainá Müller) se beijaram na novela ‘Em Família’, da Globo.

Apesar de as duas cenas terem suscitado repercussão midiática, nenhum protesto se assemelhou às manifestações ruidosas contra o casal de idosas de ‘Babilônia’.

Na mesma entrevista a ‘Veja’, Fernanda Montenegro reafirmou que o que dissera a outros veículos: também existiu racismo “velado” por conta dos dois terços de personagens negros do elenco da novela.

“Os negros ascendiam com o passar da trama. Era a negritude no protagonismo”, explicou. “Mas só quiseram falar do beijinho das duas senhorinhas lésbicas, meu pai do céu!”

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