Meu voto é para mudar a história e o seu?

27/09/22
Por Carolina Brito, enviado ao Portal Geledés

Estamos a poucos dias das eleições e fortalecer candidaturas progressistas que estejam realmente alinhadas aos ideais que defendemos é nossa participação política mais urgente neste momento. Aqui não vou falar das atrocidades que aconteceram e acontecem no atual desgoverno porque acredito que estamos todos cientes. Venho falar sobre como é necessário o movimento de construir junto a sociedade a afirmativa de que candidaturas negras são revolucionarias. Assim como as indígenas, trans, lgbtqiap+, pcds, candidaturas que defendem a agroecologia, dentre outros setores menos favorecidos pelas políticas públicas atuais. Porque quanto mais diversidade nos espaços de poder, mais nossa sociedade ganha.

Enquanto cidadãs e cidadãos, temos o poder e dever de participar ativamente da nossa política e, por isso, é preciso colaborar no fortalecimento de candidates que estão pelo nosso povo. Podemos fazer isso com gestos simples como apresentar essas candidaturas e compartilhar suas propostas. Não há política sem participação, não há democracia sem representatividade. Fazemos parte dessa construção e desse debate e, por isso, somos também articuladores dessas candidaturas.

O nosso voto é a nossa ferramenta para mudar o cenário e aumentar a participação de mulheres negras na política, mas o que fazemos antes é também nossa forma de lutar por uma democracia de fato. Precisamos estar ao lado de quem nos valoriza, escuta e representa. E você pode ajudar a construir esse movimento fazendo um voto consciente em candidaturas progressistas e apoiar a candidatura das nossas representantes.  A crescente participação de mulheres negras nas disputas eleitorais muda nossas perspectivas sobre o fazer político no nosso país, por isso precisamos aumentar o número de mulheres negras nos espaços de tomada de decisão. 

Com mais participação na política, ajudamos também a combater violências institucionais e partidárias. É preciso que os partidos políticos escutem nossa voz e estejam preparados para construir um espaço de suporte e segurança para as nossas. Precisamos questionar os partidos políticos sobre as estratégias de combate ao racismo, machismo e demais opressões que perpassam nossos corpos. Exigir dos partidos candidaturas negras e diversas. Porque a politica deve ser feita por nós e para nós, a população. Atualmente, apenas 15% do congresso nacional é ocupado por mulheres e dessa porcentagem, apenas 2% são mulheres negras. Isso quer dizer que vivemos a partir de leis e projetos pensados por homens brancos em sua maioria. E se somos nós, mulheridades e povo negro, o maior percentual social no nosso país, por que não somos nossas próprias representantes?

Tudo o que fazemos no mundo, nossas ações e nossas falas, são carregadas de politica e possuem especificidades que precisam ser atendidas. É necessário enegrecer nosso voto e pensar se os projetos levados a votação estão levando em consideração nossas demandas que se diferem, por exemplo, pela cor, pela classe social, pela sexualidade, pelo acesso a educação e saúde de qualidade.

Isso nos faz pensar, também, no amor aos nossos como política pública, bell hooks fala que o amor é o que nos mantêm sãs e que “expressamos amor através da união do sentimento e da ação“ e usamos isso parra “criar condições de se viver plenamente“ pensando em “ como é possível transformar o presente e sonhar o futuro“.  Ainda levando em consideração as palavras de hooks, se as nossas candidatas escolhem dedicar sua vida a luta contra a opressão, estão ajudando a transformar o mundo no lugar onde gostaríamos de viver. E pela dororidade, pela falta de estrutura em diversos âmbitos, pelo sentimento de coletividade que constrói nossa identidade, o afeto também pode ser um diferencial do fazer político das nossas candidatas.

Com mais participação de mulheres negras na política, também abrimos portas para mais candidaturas, lutando contra o sentimento de não pertencimento que nos é imposto socialmente para entender que a espaços de tomada de decisão são para nós sim. Reforçando a fala de Angela Davis quando diz que quando uma mulher negra se movimenta, toda a estrutura se movimenta junto. Democracia pede participação e se faz com representatividade

Por mais justiça, equidade e representatividade, e por uma política que contemple nossas demandas e construa uma mudança no tocante ao povo negro, as mulheridades, entre outros, meu voto é para fazer e mudar a história. E o seu? 


Minibio

Carolina Brito é produtora cultural, mobilizadora social, empreendedora e social media paraibana, natural de Campina Grande-PB. Bacharela em Arte e Mídia, MBA em produção de conteúdo para mídias digitais e pós-graduanda em História e Cultura Afro-Brasileira. Além disso, é fundadora da Enegrecida, espaço em que une pesquisa, ação e empreendedorismo em prol, principalmente, do protagonismo das mulheridades negras e que, neste mês de maio, completa 5 anos no formato de um festival.

** ESTE ARTIGO É DE AUTORIA DE COLABORADORES OU ARTICULISTAS DO PORTAL GELEDÉS E NÃO REPRESENTA IDEIAS OU OPINIÕES DO VEÍCULO. PORTAL GELEDÉS OFERECE ESPAÇO PARA VOZES DIVERSAS DA ESFERA PÚBLICA, GARANTINDO ASSIM A PLURALIDADE DO DEBATE NA SOCIEDADE.

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Geledés Instituto da Mulher Negra
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