Human Rights: números da violência policial no Brasil são graves

Instituição cobra articulação política para combater essa realidade

A violência no Brasil, especialmente a policial, foi um dos principais pontos destacados no Relatório Mundial 2024 produzido pela Human Rights Watch, que analisa a situação de direitos humanos em quase 100 países. De acordo com o levantamento, os números são graves e chamam a atenção.

Maria Laura Canineu, vice-diretora para o meio ambiente da instituição, destaca a importância de maior articulação política para combater esta realidade, especialmente no que se refere à morte de pessoas negras.

“80% dos mortos pela polícia no Brasil são pessoas negras. Qual é a resposta do Estado Brasileiro como um todo, para que isso não aconteça repetidamente todo ano. A gente entende que falta uma coordenação. Qual é a resposta? Qual é a resposta efetiva?”

Maria Laura também reforça os altos índices de mortes causadas pela polícia.

“Mais de 50% das mortes violentas cometidas por policiais. A polícia como uma ameaça e não como proteção”.

César Muñoz, diretor do escritório da Human Rights no Brasil, aponta que a tendência é que esses elevados números se mantenham.

“O número de mortes causadas pela polícia chegou a mais de 6 mil em 2018 e desde essa época continua nesse patamar, e este ano vai continuar também. Então, por que? Porque eu acho que precisa um plano para realmente abordar este problema, a nível federal”.

O estudo também revela que o Brasil teve alguns avanços importantes em termos de Direitos Humanos, especialmente na questão ambiental, como explica a vice-diretora Maria Laura. Ela aponta que o país teve uma diminuição de 50% no desmatamento da Amazônia.

“Essa é uma redução bastante relevante, e que tem que ser celebrada. Também, todo mundo viu né, a retomada da discussão sobre a proteção dos povos indígenas. Volta das titulações, a indicação de lideranças muito importantes para dirigir o novo ministério dos povos indígenas”, enumera.

O relatório também analisa a grave situação de direitos humanos em países em conflito, como Equador, Ucrânia e Estado da Palestina.

A reportagem procurou o Ministério da Igualdade Racial e o Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania, mas não obteve resposta até o fechamento da matéria.

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