Do que precisamos

Por Fernanda Pompeu

Por longos anos acreditei que era possível falar em nome das mulheres. Saber o que era melhor para elas. Por exemplo, ter independência financeira, compartilhar das mesmas oportunidades oferecidas aos homens etc. Hoje, sigo apostando nessas mesmas premissas.

Mas há uma diferença! Não acredito que as mulheres usem uma única régua da felicidade. Assim como os homens, as mulheres são diversas entre si. Nem todo homem quer ser o tradicional provedor e nem o chefe da família. Nem toda mulher quer deixar a casa para ir ao mercado de trabalho.

Antes, eu menosprezava as donas de casa. Não conseguia compreender as mães full-time.Comungava com a ideia de que a vida privada era menor do que a vida pública. No fundo, tinha a ilusão de que a História coletiva teria mais relevância do que as histórias de cada um.

Agora entendo que a História (com H maiúsculo) é também uma narrativa do poder. Uma vez que elege alguns notáveis a serem perpetuados e empurra importantes participantes para atrás dos panos. Gente que lutou, se sacrificou, se prejudicou e que, na maioria das vezes, entra nas ostras do esquecimento.

Anos de estrada – ora lisa, ora esburacada – abriram meus sentimentos para novas percepções. Por exemplo, a do reconhecimento da incrível trajetória da minha mãe. Na maior parte do tempo, ela trabalhou como dona de casa. Uma mulher do lar, como diziam no passado.

Em algumas ocasiões, me considerei mais “inteligente” do que ela. Afinal havia me libertado das lidas domésticas, da criação de filhos, da dependência econômica. Puxa, havia me tornado uma pessoa mais interessante.

Entretanto, ainda em tempo, descubro que a vida não é preto no branco e muito menos a aparência das coisas. A vida interior – o mundo íntimo – da minha mãe é incomensurável. Ela que apenas completou o ensino fundamental e criou seus cinco filhos.

Em contrapartida, eu procuro com os meus escritos uma relevância pública. Não tenho me saído tão mal. Reconheço o que construí a duras canetas. Por exemplo, prezo o espaço deste Blog e agradeço aos meus leitores a atenção, paciência e comentários.

Mas de forma nenhuma um trabalho fora das tarefas do lar me torna uma mulher mais interessante do que os milhões de donas de casa do mundo. A vida de qualquer pessoa não se mede com a fita métrica do ofício, da renda, do público.

Fonte: Yahoo 

+ sobre o tema

Maranhão tem 30 cidades em emergência devido a chuvas

Subiu para 30 o número de cidades que decretaram...

O Estado emerge

Mais uma vez, em quatro anos, a relevância do...

Extremo climático no Brasil joga luz sobre anomalias no planeta, diz ONU

As inundações no Rio Grande do Sul são um...

IR 2024: a um mês do prazo final, mais da metade ainda não entregou a declaração

O prazo para entrega da declaração do Imposto de Renda...

para lembrar

Escritor português ironiza seminário do golpe

Francisco Louçã, economista e político português, avalia que "só...

Brasil quer levar desigualdade e impostos para a mesa de discussão do G20

O governo brasileiro pretende levar para a mesa de...

O encanto e a brejeirice das tradições das Folias de Reis

As festividades natalinas encerram-se hoje, 6 de janeiro, Dia...

O povo nunca esteve tão perto do poder na Colômbia

Seja qual for o resultado das urnas no domingo...

Mulheres em cargos de liderança ganham 78% do salário dos homens na mesma função

As mulheres ainda são minoria nos cargos de liderança e ganham menos que os homens ao desempenhar a mesma função, apesar destes indicadores registrarem...

‘O 25 de abril começou em África’

No cinquentenário da Revolução dos Cravos, é importante destacar as raízes africanas do movimento que culminou na queda da ditadura em Portugal. O 25 de abril...

IBGE: número de domicílios com pessoas em insegurança alimentar grave em SP cresce 37% em 5 anos e passa de 500 mil famílias

O número de domicílios com pessoas em insegurança alimentar grave no estado de São Paulo aumentou 37% em cinco anos, segundo dados do Instituto...
-+=