Lucas dos Prazeres é vitima de racismo no recife

O percussionista e cantor Lucas dos Prazeres foi vítima na segunda-feira (01/12) no Recife de preconceito racial em um prédio de luxo em um bairro nobre da cidade, revelou o músico em um texto divulgado em seu perfil em uma rede social. Ele estava no apartamento da namorada quando decidiu tomar um banho de mar na manhã de ontem. O elevador parou e um senhor bem vestido entrou e o ofendeu. Lucas é um dos jovens expoentes da música brasileira, muito talentoso e com muitos projetos. A ofensa ocorre justamente um mês após a gravação do DVD “Repercutir”, no qual Lucas e a sua Orquestra dos Prazeres projetam os ensinamentos da cultura negra no ritmo dos tambores. O projeto recebeu em 2013 o Prêmio Funarte de Arte Negra, do Ministério da Cultura. Ele ainda foi integrante da banda de música instrumental Rivotrill.

Por: Roger Marzochi Do: Entresons

“Entrei no elevador e tive dúvida quanto ao andar que daria acesso a portaria, mas arrisquei um dos botões. De repente o elevador para no sexto andar e nele estava um senhor, todo grisalho e muito bem vestido, franziu a testa quando me viu, entrou e fez questão demonstrar seu mau estar. EU, não achei que fosse comigo tamanho comportamento amargo, e tomei a liberdade de perguntar qual o botão que dava acesso a portaria, foi quando elevador parou no andar que eu já tinha apertado, no térreo, e o senhor na mesmo hora respondeu, ríspido e grosseiramente me apontando a porta … – ‘É justamente aqui o seu lugar, na Rua’, conta o músico, que sensibilizou muitos amigos com a sua mensagem na rede social.

“Fiquei tão chocado naquele momento que não tive forças para agir, simplesmente sair e fui ter minha conversa com o Mar. Não vou mentir, chorei um pouco para desabafar a raiva e a vergonha pela humilhação que acabara de passar. Ali na praia eu caminhei, me banhei pedindo força e sabedoria, refletir muito sobre como viver e ter que conviver com esse tipo de abuso, muitas vezes silencioso e sorrateiro. Porém agora cada vez mais assumido e escrachado. Que devo fazer, andar com uma gravador sempre ligado? Pois não tenho como denunciá-lo apenas com as imagens da câmera, que registrou aparentemente um simples ato de apontar para a porta, mas ninguém ouviu o que eu tive o desprazer de ouvir.”

Ele diz que se demorou na praia até mesmo porque estava com receio de voltar ao apartamento da namorada. “Foi aí que percebi que, embora a ferida aberta pelo ataque daquele senhor estivesse sido cicatrizada pelo Mar, tinha me deixado um cicatriz, que levarei pelo resto da minha vida… e com ela, protegerei todos os meus destas e de outras manifestações de agressão aos direitos humanos da pessoa Negra.”

Ele chegou a visitar o mesmo senhor, em companhia da namorada, para protestar contra o que ocorrera. “Apertei a campainha do senhor, ele mesmo que atendeu e quando nos viu ficou muito surpreso, pálido. Falei que iria denunciá-lo e o mesmo quis me convencer que eu interpretei errado. A esposa quis amenizar me falando a seguinte frase…( deste jeito que está escrito ) – ‘ Você até que é um neguinho bonitinho, ele não faria isso com você , então não faça isso com ele’.”

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