Mãe acusa vendedora de loja de racismo contra o filho adolescente, que é negro
Comerciante diz que vendedora acusou o menino de ter roubado um anel por causa da cor da pele
“Meu filho mais novo viu toda a cena e disse que a vendedora falou que ele e o irmão não poderiam sair da loja sem pagar, mas o anel já era dele”, diz Luciene
Uma mãe acusa uma vendedora de uma loja, em Laranjeiras, na Serra, de racismo. A comerciante Luciene Fraga, 37 anos, chegou a registrar um Boletim de Ocorrência (BO) no DPJ do bairro, no último sábado (09), após ver a cena do filho adotivo, que é negro, sendo segurado pela atendente pelos braços e acusado de roubar um anel da loja. No BO consta que o crime foi de injúria.
Luciene conta que estava em Laranjeiras fazendo compras quando o filho L., 13 anos, pediu para ir comprar um brinquedo. “Eu dei R$ 20 e ele foi até a loja com o irmão de 9 anos. Eu estava um pouco mais distante, em outra loja. De repente, o irmão mais novo me chamou e disse que L. estava sendo acusado de roubar um anel”, conta a mãe.
“Quando eu cheguei na loja, uma vendedora segurava ele pelos braços. Ela o acusava de ter pego um anel. Ele ainda falava que tinha entrado com o anel, mas ela não quis saber”, lembra Luciene.
A mãe pediu para a vendedora mostrar um outro anel parecido, se a loja realmente vendia aquele tipo de anel. “Ela foi lá dentro e viu que realmente não tinha. Chamei a gerente, mas ela disse que ainda ia ver o que faria. Antes de ir, ainda ouvi a vendedora dizer: ‘acho que é por causa da cor dele. A gente acaba confundindo’”, conta a mãe.
O filho mais novo, que acompanhava o irmão, viu toda cena: “A vendedora disse pra nós que não poderíamos sair da loja sem pagar”. Luciene diz que o filho ficou traumatizado.
Loja: menino não foi chamado de negro
A reportagem procurou a loja. A gerente Priscila Santos negou que a vendedora tenha acusado o menino L. de roubar o anel por ser negro. “Tinha vários clientes na loja naquele momento. Eles viram que a vendedora não os chamou de ladrões, muito menos por serem negros”, conta.
A gerente conta, ainda, que os funcionários estranharam o fato de duas crianças estarem na loja, sozinhas e descalças. “A mãe se alterou. A gente até evitou falar muita coisa por isso. Falamos que nem aquele tipo de anel a gente tinha, então não tinha porque os acusarmos”, afirma Priscila.
O advogado e professor de Direito Penal da UVV, Rodrigo Aurélio Quintas Fernandes, explica que esse caso, especificamente, se classifica como crime de injúria, quando há ofensa ou xingamento quanto à raça, por exemplo. Já o racismo acontece quando a pessoa é proibida de entrar num local por causa da raça.
Fonte: Gazeta Online