Eles participaram da 4ª edição do Cinema e Política que exibiu o filme “Uma onda no ar”.
Integrantes do projeto “Onda: adolescentes em movimento pelos direitos” tiveram a oportunidade de participar da 4ª edição do “Cinema e Política”, que ocorreu no dia 07 de dezembro. Na ocasião, mais de 80 adolescentes se reuniram no auditório do Sindicato dos Jornalistas do DF para fazer uma discussão sobre racismo e direito humano à comunicação. No evento deste ano foi exibido o filme “Uma onda no ar”, que é inspirado na história da Rádio Favela, emissora clandestina montada por jovens moradores da favela da Vila Nossa Senhora de Fátima, na cidade de Belo Horizonte, e que foi ao ar em 1981.
O filme narra a história de quatro jovens que percebem a necessidade de criar um meio de comunicação para demonstrar a realidade do racismo e da segregação social da comunidade onde vivem. “Acho que o que me chamou mais atenção foi que o filme foi baseado em uma história real do povo com linguagem da própria comunidade. O longa consegue mostrar a solução de pequenos e grandes problemas sociais dentro da comunidade”, ressalta Vinícius Silva Moreira, 17 anos, estudante do CED 04 do Guará, morador da Estrutural.
O evento contou com a participação do rapper Gog, que ressaltou a importância de uma reação efetiva que seja capaz de reverter a violência que tem exterminado a juventude negra do país. Outro participante que fez parte do debate foi João Nogueira, um jovem estudante de pedagogia que, ao relatar a sua história, contou da história do país que ainda não se libertou das práticas racistas oriundas de um sistema escravagista que perdura no imaginário social.
João e Gog, em depoimentos emocionados, informaram que um dia antes do evento souberam de quatro homicídios de jovens negros de São Paulo, que certamente foram vítimas da violência institucional perpetrada pela polícia.
“O evento foi muito construtivo, porque tratamos de um problema que existe no Brasil, mas que as pessoas camuflam isso e têm medo de expressar suas opiniões sobre o assunto”, afirmou Vinícius. Para Márcia Acioli, assessora política do Inesc responsável pelo projeto, o encontro que agregou jovens de diversas realidades possibilitou uma reflexão coletiva importante. As podenderações do Gog e do João completaram o recado do filme e trouxeram força para pessoas que vivem a realidade de violação de direitos decorrente do racismo.
“Foi uma oportunidade bonita de troca de experiências, especialmente com meninos e meninas que vieram do quilombo Mesquita e vivem diariamente uma realidade de discriminação. O filme mostrou o quanto a comunicação é estratégica para a construção de uma nova ordem social, pautada pelo senso de igualdade e justiça social”, afirmou Acioli.
No intervalo os adolescentes participaram de uma atividade de integração coordenada pelo Grupo Batucadeiros, que realiza uma oficina de percussão corporal. Ao final, foi feito um sorteio de camisetas com o tema racial.
Fonte: Inesc
