Recentemente, a Organização Estudantil Aliança Democrática [Democratic Alliance Students Organisation] (DASO, na sigla em inglês) divulgou um cartaz polêmico como parte de sua campanha contra o racismo. O cartaz, seguindo a noção de que “Em NOSSO futuro, você não olharia duas vezes”, exibe um casal nu, de raças diferentes, num abraço.
O cartaz causou uma grande celeuma no Facebook, no Twitter e nos blogs, e até mesmo levou à criação de cartazes virais que parodiam o original. Aqui estão algumas reações virtuais sobre esta questão.
Impendingboom diz:
If you take the time to read through the Facebook comments, the way South Africans respond differently to the same image is quite interesting.
We can roughly divide the response into four categories:
1. It’s cheesy and belongs in the 90s
2. Its simplistic portrayal of race relations is offensive
3. It’s beautiful, we need more of this
4. It’s repulsive, you’ve lost my vote
Se você puder se ater aos comentários do Facebook, é bem interessante ver como os sul-africanos reagem de maneiras diferentes à mesma imagem.
Assim por cima, podemos dividir as reações em quatro categorias:
1. É brega e pertence à década de 1990.
2. O retrato simplista que faz das relações entre as raças é ofensivo
3. É maravilhoso, precisamos mais deste tipo de coisa
4. É repugnante, e vocês perderam o meu voto
Jacques Rousseau, no synapses, afirma:
“That’s what this poster does. It simply highlights the fact that some people would look twice at an inter-racial couple, and reminds viewers of the poster that in the ideal DASO future, this wouldn’t happen.”
É o que este cartaz faz. Simplesmente dá ênfase ao fato de que algumas pessoas olhariam duas vezes para um casal inter-racial, e relembra aqueles que o veem que no futuro ideal da DASO isto não aconteceria.
Baas De Beer observa:
“Such a campaign will never be without criticism. The majority being that it’s immoral, overtly sexual and sends out conflicting messages to the youth. To this I just have to say: Wake up, welcome to the year 2012. There are more risqué ads that promote tampons, chocolates and cameras. It does not in any way promote sexual promiscuity (who said these two aren’t married (The CDP complained about this)). The only message this one conflicts with, is the message of hate and separation that white and black adults who are still stuck in the stone-age preach to their kids.”
Regarding the statement it made, I personally respect it and think it’s about time that someone said it. Wouldn’t this world be a better place to live in if people stopped finding fault in others’ lives simply because they are too scared to face their own demons? Wouldn’t this planet be more enjoyable if society didn’t exclude, but include? If race, culture, sex and religion were not used as weapons? You are allowed to have your own opinion, but that’s just it: YOUR opinion. If you don’t like interracial relationships, THEN DON’T BE IN ONE. Easy, neh?
Uma campanha como esta nunca deixará de receber crítica. Grande parte no sentido de taxá-la como imoral, claramente sexual e que fornece mensagens conflitantes para os jovens. A isto, acrescentaria somente: Acorde, seja bem vindo ao ano 2012. Há mais anúncios ousados que promovem tampões, chocolates e máquinas fotográficas. Este cartaz não promove, de maneira alguma, promiscuidade sexual (quem disse que esses dois não são casados (O CDP reclamou sobre isto)). A única mensagem com a qual esta entra em conflito é a mensagem de ódio e segregação que os adultos brancos e pretos, que ainda estão presos à idade da pedra, apregoam a seus garotos.
Quanto à declaração que faz, eu pessoalmente a respeito e acredito que já era hora de alguém dizer isto. Não seria um mundo muito melhor se as pessoas parassem de procurar defeitos nas vidas alheias simplesmente porque tem medo demais para enfrentar seus próprios demônios? Não seria mais prazeroso viver neste mundo se a sociedade não fosse excludente, mas inclusiva? Você tem permissão para ter sua própria opinião, mas é só isto: SUA opinião. Se você não aprecia relações inter-raciais, ENTÃO NÃO ENTRE NUMA. Fácil, hein?
Slicktiger assume uma posição irônica:
“Anyway, the DASO okes are on a whole OTHER LEVEL for putting this charna on their political poster and addressing a CRUCIAL ISSUE in South African society of NOT ENOUGH OKES WHO LIKE TO KLAP IT IN POLITICS.”
De qualquer forma, os caras da DASO estão totalmente numa OUTRA ao colocar este amigo em seu cartaz de cunho político e tratar de uma QUESTÃO CRUCIAL para a sociedade sul-africana onde não há CARAS QUE GOSTEM DE ENFRENTAR A POLÍTICA.
Jaqamba lança um olhar crítico à DASO:
“In my opinion, the posters are an embarrassment to DASO and its membership. They are neither controversial, nor can they serve as a proper yardstick to judge SA’s racial relations. In any society, however integrated it may claim to be, there will be conservatives and fundamentalists. In a similar fashion, there are South Africans (black and white) who strongly hold on to their pre-democratic or apartheid-era views about race and racial morality. However, since there are no laws preventing racial integration or promoting racial purity, the issue is moot and debating it will serve no meaningful purpose to the South African society. For an allegedly progressive lot, DASO seems to be chewing on dry bubble-gum.”
Em minha opinião, os cartazes são um constrangimento para a DASO e seus associados. Não são nem polêmicos e nem servem como parâmetro para julgar as relações raciais na África do Sul. Em qualquer sociedade, não importa o grau de integração que se declare ter, haverá conservadores e fundamentalistas. De forma semelhante, há sul-africanos (pretos e brancos) que se agarram às suas opiniões pré-democráticas sobre raça e moralidade racial, da era da segregação racial. Entretanto, por não haver leis que impeçam integração racial ou que promovam pureza racial, a questão permanece inútil e debatê-la não serve a nenhum propósito significativo para a sociedade sul-africana. Para uma turma supostamente progressiva, a DASO parece estar desperdiçando seu tempo.
Rosealix, em 10and5, afirma:
“While some are staunchly for the idea, others are sure the DA is accusing today’s South Africans of being racist and while some conservatives are appalled at the nudity, others have been asking if there’ll be any gay loving in the next of the series. Some are calling it a stereotype and some are calling it irrelevant to the times and for all those aghast at the standard of creative work, others are wondering what all the fuss is about.”
Enquanto alguns se colocam firmemente a favor, outros tem certeza que a DA está acusando a atual África do Sul de ser racista e se alguns conservadores se sentem consternados com a nudez, outros se perguntam se haverá demonstração de amor entre homossexuais num próximo da série. Alguns chamam isto de estereótipo e outros categorizam a questão como irrelevante para os dias de hoje e, frente a todos aqueles horrorizados com o nível do trabalho criativo, outros se perguntam se há razão para tanto barulho.
Mafedi Selepe comenta:
“With the sentiments of DASO probably been of Nobel intentions, we can’t see past the misconception from incorrect reasoning that is the poster. To me as I sat and disgruntled the poster and used the same method that I was taught at the bourgeois school, I safely came to the conclusion that DASO was trying to tell us that we can cohabit only if we are prepared to say the white man is superior than the black, thus perpetuating but carefully tweaking the architect of Hendrick Verwoerd of a neighborly society that knows and embraces its indifferences to allow the half baked rainbow nation that was only but a dream for the Mandelas, the Sisulus and the heroes and heroines et al.”
Ainda que os sentimentos da DASO tenham, provavelmente, sido provocados por intenções nobres, não se consegue ver para além do fato de que trata-se de um cartaz equivocado, fruto de uma lógica incorreta. Quanto a mim, enquanto olhava com desapontamento para o cartaz e usava o mesmo método que me foi ensinado na escola burguesa, cheguei com segurança à conclusão de que DASO estava tentando nos dizer que é permitido conviver somente se estivermos preparados para dizer que o homem branco é superior ao preto, assim perpetuando, mas cuidadosamente aperfeiçoando o arquiteto de Hendrick Verwoerd de uma sociedade de boa vizinhança que tem consciência e abraça suas indiferenças para permitir que a nação arco-íris de meia-cura que não passou de um sonho para os Mandelas, os Sisulos e os heróis e heroínas et al.
AKanyangaafrica identifica aquilo que foi alcançado pelo cartaz polêmico:
“The Ads would, unfortunately, make you want to love South Africans even more, if you never did. Even social networks were buzzing, with many accusing the party of claiming to be non-racist when it in fact is. Although the views were diverse across racial line – but one could get a sense that many black people were angrier than whites as, to them, DA was far from being the non-racial opposition party it claimed to be.”
“DA may not have achieved one of the objectives it intended to (of portraying itself as a non-racial party) but it managed to get South Africans debating the thorny and controversial race issue, and at the same time exposing our racist tendencies. To Sarah Britten the posters meant we would find them unusual or offensive, thereby implying we are “excessively aware of race” which would then require our re-education “in the principles of non-racialism by the DA” (my emphasis).
A propaganda faria, infelizmente, você querer amar os sul-africanos ainda mais, se é que você não os amava até então. Até mesmo as redes sociais ficaram movimentadas, com muitas acusações feitas ao partido de declarar não ser racista quando na verdade o é. Embora as opiniões fossem variadas de uma lado a outro da linha racial – mas podia-se perceber que muitas pessoas pretas ficaram com mais raiva do que os brancos uma vez que para eles DA estava longe de ser o partido de oposição sem filiação racial que declarava ser.”
“Pode ser que o DA não tenha alcançado um dos objetivos que tinha como meta (de se auto-retratar como uma partido sem filiação racial) mas conseguiu levar os sul-africanos a debater a questão espinhosa e polêmica da raça e, ao mesmo tempo, expor nossas tendências racistas. Para Sarah Britten os cartazes tinham a intenção de nos confrontar com o fato de que os acharíamos incomuns ou ofensivos o que implicaria que estamos sempre “excessivamente cientes de raça” o que demandaria, por sua vez, uma re-educação “dentro dos princípios do não-racialismo de autoria do DA” (minha ênfase)
Tsholo faz uma descrição do que as pessoas pensam ao olhar para o cartaz:
“Focusing on someone race can never stamp out racism, I think. At the end of the day, because the poster is ABOUT race, when you look at the poster you see a BLACK girl and a WHITE guy, not just a couple.”
Focar a atenção na raça de alguém não leva a eliminar o racismo, acho eu. No fim das contas, devido ao fato de que o cartaz é SOBRE raça, quando você olha para o cartaz o que você vê é uma menina PRETA e um cara BRANCO, e não simplesmente um casal.
No entanto, SihleMthembu acredita que a campanha tenha sido um sucesso:
Personally, I think all of u are getting emo (emotional) about nothing, lol. Whether it was black guy and a white chick or not, it would have still sent the same message. I think this campaign is success in the sense that it has people talking. I think the idea is about crossing racial boundaries….and my guess is the ones finding it very hard to accept this campaign for what it is are individuals who are still not comfortable with inter-racial relationships.
Pessoalmente, acho que estamos todos reagindo emo (emotivamente) por conta de nada (riso alto). Não importa se tivesse sido uma cara preto e uma garota branca, a mensagem seria a mesma. Na minha opinião, esta campanha é um sucesso no sentido de que fez com que as pessoas falassem. Acredito que a ideia é sobre cruzar as fronteiras raciais… e minha aposta é de que aqueles que acham muito difícil aceitar esta campanha pelo que ela é são indivíduos que ainda não se sentem confortáveis com as relações inter-raciais.
Abaixo, algumas reações no Twitter:
@wildebees: If a UK political party’s youth wing got this amount of debate going on Twitter they’d be hailed as pure genius #DASO
@wildebees: Se a ala jovem de um partido político no Reino Unido conseguisse esta quantidade de debate no Twitter, seria alçada ao patamar de genialidade #DASO
@joshjordaan: I’ve just heard that yesterdays #DASO poster was on SkyNews this morning! International!
@joshjordaan: Acabei de saber que o cartaz de ontem da #DASO apareceu no noticiário SkyNews pela manhã! Internacional!
@ryguy_smith: How does one go about finding the man posing on the recent #DASO homosexual poster? Also, who has a wedding dress to lend me? :P
@ryguy_smith: Como se faz para encontrar o homem que posou para o cartaz homossexual recente da #DASO? E, também, quem tem um vestido de casamento para me emprestar? :P
@simphiwedana: If you want to tackle race, address the issue of white privilege. Like the people of Duluth are doing #DASO
@simphiwedana: Se você quer abordar o tema da raça, discuta a questão do privilégio dos brancos. Da mesma forma como o pessoal de Duluth tem feito #DASO
@thealexparker: Yawn. #DASO poster so very JCR. Does have the benefit of pissing off the right people, mind you.”
@thealexparker: Bocejo. O cartaz da #DASO é tão JCR. Com certeza traz o benefício de irritar as pessoas certas, se é que você percebe”
@OliverHermanus: As someone in an interracial relationship I don’t look twice & folk don’t look twice at me. Its relevant, but isn’t the future bigger? #DASO
@OliverHermanus: Como alguém que está numa relação inter-racial, não olho duas vezes e, pessoal, não olhe duas vezes para mim. É importante, mas não seria o futuro maior que isto?#DASO
@scrookson: The DASO poster is obviously designed to be controversial. Attention seeking because the DA needs it?”
@scrookson: O cartaz da DASO foi feito, obviamente, para ser polêmico. Buscando atenção porque a DA está precisando:”
O cartaz também conseguiu gerar cartazes que o parodiam de forma viral, tais como:
Fonte: Global Voices Online