Alunos protestam em favor de cotas

Caminhada “Movimento Cotas Já!” começou no Bairro de Fátima e seguiu até a Avenida da Universidade

 

Estudantes, professores e gestores de escolas públicas de vários colégios de Fortaleza realizaram caminhada e também deram um abraço simbólico na Reitoria da Universidade Federal do Ceará (UFC), ontem pela manhã, em favor das cotas raciais e sociais da educação.

Além de estudantes, professores e gestores escolares estiveram na manifestação, que deu abraço simbólico na Reitoria da UFC FOTO: ALEX COSTA

A caminhada, intitulada “Movimento Cotas Já!”, teve início na Escola de Ensino Médio Governador Adauto Bezerra, no Bairro de Fátima, depois, seguiu para a Avenida 13 de Maio até chegar à Avenida da Universidade. Logo após, os alunos foram rumo à Reitoria.

A estudante Carmem Alves Pinto acredita que as cotas raciais e sociais vão mudar bastante as perspectivas dos estudantes de escolas públicas. “Muitos não acreditam no seu potencial para entrar em uma faculdade, mas, com as cotas, tenho certeza que eles vão pensar diferente”.

O jovem Bruno Ferraz estudou toda a sua vida em instituições públicas e, por isso, acha que tem direito de fazer o mesmo em relação à universidade. “Isso vai ser muito bom para todos nós. Estou bem animado para que essa mudança realmente aconteça”, completou.

“A Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro Brasileira (Unilab) é a única no Ceará com sistema de cotas, por isso, sentimos necessidade de cobrar e, dessa forma, o movimento se mobilizou”, diz o diretor da Escola Adauto Bezerra, Humberto Mendes.

Ensino

Ele comentou que, hoje, existe uma distorção no ensino, pois 85% dos estudantes do ensino médio são de escolas públicas, mas, nas universidades, esse número é pequeno. Humberto Mendes afirma que esses estudantes têm conseguido bons resultados nas universidades federais e estaduais, às vezes, até melhores do que os que não utilizaram o sistema de cotas.

“As cotas vão trazer um novo ciclo de debates para as escolas públicas, pois o Estado não pode tapar o Sol com a peneira e tem que ver que poucos desses jovens estão entrando, hoje, na universidade pública”, afirmou.

Para o pesquisador Hilário Ferreira, a caminhada é de fundamental importância porque esse é um momento histórico, pois, ao longo do tempo, os estudantes de escolas públicas acabaram ficando fora das universidades federais e estaduais.

Além disso, o fato de que os estudantes, professores e gestores se reuniram para reivindicar essas cotas mostra a relevância do ato. “Essas são políticas públicas que vão ajudar esses alunos”, frisou o pesquisador.

Conforme o projeto sancionado, ontem, pela presidente Dilma Rousseff, a reserva será dividida meio a meio. Metade das cotas será destinada aos estudantes negros, pardos ou indígenas, de acordo com a proporção da população em cada Estado. A outra metade irá para alunos que tenham feito todo o segundo grau em escolas públicas e cujas famílias tenham renda de até um salário mínimo e meio.

THIAGO ROCHA

 

 

Fonte: Diário do Nordeste 

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