O resultado de um teste do pezinho que chegou tardiamente às mãos dos médicos encurtou a vida da pequena Sophia Sarah, de apenas 9 meses. A menina morreu de anemia falciforme no último dia 9. A amostra foi coletada no posto de saúde de Jardim América em dezembro, e analisada pela Apae. A Apae afirma que mandou o resultado para o posto, por fax, ainda em janeiro, quando confirmou a doença. Mas a Secretaria Municipal de Saúde alega que o aparelho de fax do posto está quebrado desde dezembro.
Quem sofre de anemia falciforme tem as hemácias — células vermelhas do sangue — deformadas. O tratamento inicial, a base de vacinas, antibióticos e transfusões de sangue, é feito na rede pública através do Hemorio. No entanto, quando o diagnóstico de Sophia chegou, através de uma segunda via, enviada pela Apae, no dia 3 de agosto, ela já estava hospitalizada, passando por uma crise. A menina foi internada em estado grave no dia 23 de julho no Hospital Municipal Souza Aguiar, onde veio a morrer.
O teste do pezinho foi feito no dia 17 de dezembro
O resultado foi entregue ao posto de saúde oito meses depois: no dia 3 de agosto
Segundo o Hemorio, o setor de assistência social da Apae chegou a agendar três consultas para a menina. Mas Cátia não teve conhecimento nem do diagnóstico nem desta recomendação da Apae. O posto deveria intermediar o contato com a família, mas sequer sabia do quadro de saúde de Sophia. A secretaria afirma que a Apae deveria ligar, depois de enviar o fax ao posto, para confirmar o recebimento do documento.
Demora classificada de ‘normal’ no posto
A mãe da pequena Sophia ia todo mês no posto de saúde para verificar se o resultado do exame da filha havia chegado.
— Eles diziam que esta demora era normal — relembra Cátia.
Álbum de família
Sophia, recém-nascida, ainda saudável
Mãe de outros dois filhos, uma de 18 e outro de 11, ela conta que sempre esteve atenta às necessidades dos filhos.
— Não podia imaginar que minha filha tinha esta doença. Ela era saudável, até o dia em que teve febre e ficou com a pele toda amarelada. A partir daí, ela ficou toda inchada e já era tarde demais… — conta a chefe de limpeza.
Dos profissionais que atenderam a filha, ela ouviu o motivo que selou o destino de Sophia.
— A assistente da Apae me falou que o que houve foi uma falha de comunicação. E o custo disso tudo foi a vida da minha filha — desabafa a mãe da pequena Sophia.
Fonte: Extra