Após mais uma denúncia de assédio, mulheres cobram medidas para aumentar segurança no Metrô

Para Carla Vitória, da Marcha Mundial, mais câmeras de segurança poderiam auxiliar nas investigações de denúncias; Na quinta-feira (20) mas um relato de abuso foi relatado nas redes sociais.

Por Simone Freire, do Brasil de Fato 

Investimentos em equipamentos preventivos, como câmeras de segurança, poderiam auxiliar e evitar que tentativas de abuso contra mulheres acontecessem com tanta regularidade no Metrô de São Paulo, aponta a militante da Marcha Mundial de Mulheres (MMM), Carla Vitória. “Se houvesse mais equipamentos preventivos como estes, estas denúncias poderiam ser melhor apuradas”, disse.

A militante comentou a recente denúncia feita pela estudante de jornalismo Mayra Nakamura, em sua rede social, que foi amplamente compartilhada. Mayra relatou o testemunho de uma amiga que disse ter presenciado uma tentativa de abuso sexual contra uma jovem, na Linha 3 – Vermelha, que liga a Zona Leste à Zona Oeste da capital paulista.

“Num determinado momento da viagem, uma MENINA de aparentemente 16/17 anos estava sendo encoxada pelo cara que estava atrás dela e reclamou. O babaca quis discutir, dizendo que se ela queria espaço não deveria estar lá, mas a menina continuou a reclamar e pedir pro cara parar. No meio de tudo, um outro homem gritou ‘Estupra ela pra ela saber o que é encoxada de verdade’!”, informa Mayra no texto.

A estudante conta ainda que quando o trem estava parado entre as estações Tatuapé e Bresser-Mooca, o mesmo homem tentou segurar a adolescente. Segundo informações do R7, a assessoria de imprensa do Metrô afirmou que analisou todas as imagens da estação Bresser/Mooca e da Sala de Supervisão Operacional (SSO) da estação, mas não encontrou nenhuma cena onde a vítima e a jovem que a ajudou aparecessem.

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Para a militante da Marcha, dizer que não encontrou nada das gravações não exclui a responsabilidade do Metrô de apurar a denúncia. “Dizer que não aconteceu porque não viu é omissão”, aponta.

Carla diz que um número maior de câmeras nas estações é reivindicação do movimento feminista há algum tempo, quando as primeiras denúncias de estupro repercutiram nos noticiários. Em abril, por exemplo, uma funcionária de um posto de recarga do Bilhete Único foi estuprada dentro do seu posto de trabalho na Estação República. Na época, funcionários relataram ao jornal O Estado de São Paulo que o local “não é tão bem servido de câmeras de vigilância”.

Ainda em seu relato, a estudante Mayra se mostra indignada com a atitude de funcionários do Metrô, que não teriam dado assistência à adolescente. “E quando minha amiga levou a menina (que estava em estado de choque, sem conseguir falar, apenas chorando) para a SSO para registrar a ocorrência, OS FUNCIONÁRIOS QUE AS ATENDERAM NÃO FIZERAM O REGISTRO PORQUE A VÍTIMA DEVERIA DEPOR, minha amiga não podia contar o que aconteceu (lembrando que a vítima estiva incapacitada de FALAR) e nada poderia ser feito. Então minha amiga pode apenas aguardar a parente da menina chegar, pra ter certeza que ela ficaria segura e ir embora”, escreveu.

Neste caso, Carla aponta para um enfrentamento antigo das mulheres: a culpabilização pelas agressões. “A falta de credibilidade dada à mulher quando ela sofre agressões acaba prejudicando ainda mais a situação”, diz.

O Brasil de Fato entrou em contato com o Metrô para saber se algum tipo de investigação está em andamento, mas não recebeu retorno.

Leia o relato completo de Mayra aqui.

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