As Tartarugas Ninjas: Caos Mutante é um recomeço perfeito da narrativa para a geração Z

FONTEPor Samara Almeida
@eyes.grazi

Em um mundo em constante evolução cinematográfica, poucas franquias conseguem manter sua relevância ao longo das décadas. No entanto, ‘As Tartarugas Ninjas: Caos Mutante’ não apenas mantém essa relevância, mas também a revitaliza de maneira notável.

O memorável quarteto chega aos cinemas brasileiros no próximo dia 31, trazendo um novo recomeço histórico aos personagens mutantes, e sendo apresentado com a produção de Seth Rogen e direção de Jeff Rowe e Kyler Spears numa animação de moldes inspirados em Aranhaverso. 

O filme segue a mesma premissa que já conhecemos das HQ’s e produções anteriores. Já há quase 40 anos, os irmãos Donatello, Leonardo, Michelangelo e Raphael, com a mentoria do Mestre Splinter, embarcam em emocionantes jornadas repletas de comédia e batalhas épicas enquanto utilizam suas habilidades ninja para enfrentar o perigoso Destruidor. Mas agora em 2023, ocultos nos túneis subterrâneos de Nova York, protegidos do mundo exterior, as quatro tartarugas que passaram suas vidas imersas na arte ninja tomam a decisão de emergir à superfície. Os adolescentes sonham em ganhar popularidade através de feitos heróicos e se integrar à sociedade como jovens comuns, enfrentam o desafio de serem aceitos. No entanto, as complicações surgem quando se encontram frente a frente com um perigoso sindicato criminoso que lidera um exército de mutantes. Por sorte, contam com o auxílio de uma nova amiga, April O’Neil, para enfrentar essa aventura repleta de adrenalina e salvar o dia. 

“As Tartarugas Ninjas: Caos Mutante” é tudo que os fãs da franquia poderiam querer – e mereciam após algumas produções que deixaram a desejar. Agora, seja você um fã antigo ou novo, há novidades para você nesta obra. Como por exemplo, April O’Neil é uma mulher negra, e essa talvez seja a maior surpresa apresentada na tela, pois a personagem  desvencilhar-se do que estamos acostumados e traz consigo os melhores momentos de reflexão. Além de April, os quatro protagonistas são extremamente carismáticos e bem humorados. A interação entre eles emerge como um elemento emocional central e fundamental neste filme hilariante, e habilmente desenvolvendo cada piada que introduz, amarrando cada um dos seus enredos com coesão e carinho. 

Retratada na história, a cidade de Nova York e seus habitantes são usados como reflexo para espelhar uma sociedade que negligencia pessoas que estão fora dos padrões normais impostos, que a menos que realizem coisas incríveis, eles nunca serão aceitos do que jeito que são. A mensagem de aceitação conecta todas as histórias e vivências dos personagens. Os tartarugas, cansados de viverem no esgoto da cidade só querem uma vida normal como adolescentes, Super Mosca e os mutantes no final e apesar de tudo também buscam uma vida tranquila e a amiga humana dos ninjas, O’neil só quer ser reconhecida por suas habilidades jornalísticas e superar um trauma depois de ser vista como chacota na escola. A reformulação de April como uma mulher negra talvez seja uma das mensagens subjacentes de aceitação que coincidem com o que o filme transmite, porque a mudança da cor de pele do personagem é um incômodo para parte do público. 

Sabemos que o universo cinematográfico tornou-se um catalisador para a ampla diversidade de narrativas. Gradualmente, a indústria audiovisual está quebrando as barreiras de enredos centrados exclusivamente em personagens de origem étnica branca e, em vez disso, está dando destaque a diversas etnias. Por um longo período, personagens de origem afrodescendente foram frequentemente relegados a papéis que exploravam a criminalidade. No entanto, a criação de projetos que celebram a identidade negra, desvinculando-a da narrativa da violência, abre novas janelas de identificação e representação positiva para quem puder ser. E essas transformações sempre nos dizem que independente de etnia, a essência do personagem sempre prevalecerá com uma roteirização bem feita, como neste caso.

O roteiro sem dúvidas não deixa lacuna e a obra cinematográfica demonstra uma atenção meticulosa aos detalhes, seja na ação, na comédia cronometrada com precisão ou na trilha sonora envolvente.

O design imperfeito é o charme e a principal caracterização da trama, demonstra uma proposta singular entre os filmes de animação que estão atualmente em cartaz e apresenta uma estética desenhada à mão excepcionalmente estilizada, porém ancorada em uma base consistente e bem elaborada para comunicar o que quer passar. 

Embora estas tartarugas possam ter levado décadas para atingir um objetivo que ecoa as suas origens, é inegável que elas triunfam de forma magistral. Em 2023 falar sobre as tartarugas ninjas pode ser sinônimo de nostalgia para muitos, e realmente é. Acontece que em Caos mutante, o filme é genial em trazer e adaptar a narrativa para a contemporaniedade cultural atual, assim é simples conquistar os novos admiradores. 

Em conclusão, “As Tartarugas Ninjas: Caos Mutante” se destaca como um longa bem-sucedido da narrativa, proporcionando uma experiência envolvente e relevante. O filme moderniza a história das icônicas tartarugas, abraçando a diversidade e a representação por meio da reimaginação de personagens como April O’Neil. A mensagem que permeia a trama reflete não apenas a jornada das tartarugas, mas também ecoa temas sociais relevantes. A interação dos quatro protagonistas adiciona profundidade à narrativa e cativa o público, assim o filme entrega uma experiência cinematográfica de qualidade. 

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