Representatividade e charme clássico torna “As  Tartarugas Ninja: Caos Mutante”

Enviado por / Fonte Isadora Simas

Artigo produzido por Redação de Geledés

Entre vários lançamentos no cinema nos últimos meses, posso dizer que me  deparar com “As Tartarugas Ninja: Caos Mutante” foi um prazer. O filme não é  apenas mais uma das aventuras empolgantes e cheia de ação do quarteto ninja;  a película também aborda de forma perspicaz e cuidadosa um tema sempre  relevante: o preconceito.  

O filme tem um desenvolvimento ágil e envolvente, fazendo com que a nova  aventura das tartarugas mutantes não seja “mais do mesmo”, e mergulha de  cabeça em questões profundas e conseguindo manter a essência que conquista  fãs há quatro décadas.  

Ao longo do filme, a história nos confronta com o preconceito que os humanos  têm com os mutantes e as diferentes formas como isso os afeta. Ao explorar o  tema, a produção nos convida a refletir sobre nossas próprias atitudes e  comportamentos quando estamos diante da diversidade. Em um momento em  que a diversidade é cada vez mais essencial, o novo filme das Tartarugas Ninja  oferta uma mensagem valiosa.  

Enquanto mulher negra e jornalista, um dos aspectos que me tocou muito foi a  representatividade da personagem April O’Neil. Desde sua estreia na história  dos mutantes ninjas em 1984, ela foi representada de variadas formas e  profissões. Nesses 40 anos, essa foi a primeira vez que a personagem foi  apresentada como uma mulher negra.  

Interessante pensar que um dos produtos mais icônicos e consumidos da cultura  pop levou todo esse tempo para representar uma das principais personagens  aliadas do quarteto ninja como uma mulher negra.  

No filme, ela é uma adolescente que sonha ser jornalista e faz desse sonho um  dos pontos chave na luta contra o grande vilão da trama. Através do jornalismo,  April ajuda os ninjas em várias frentes, inclusive na luta contra o preconceito.  

A personagem é uma jornalista valente que se dedica a desvendar a verdade e  divulgar as informações corretamente mesmo diante de vários obstáculos,  inclusive seus próprios traumas. Enquanto jornalista e mulher negra, foi incrível  me ver na tela, reconhecer a adolescente que eu fui, que sonhava em trilhar os  caminhos da comunicação e a profissional que me tornei. Espero que outras  meninas e mulheres também possam se inspirar na personagem da April e que  nós tenhamos cada vez mais representatividade em todos os campos da cultura. 

Uma cena para guardar: April na tela do jornal ao lado de outra jornalista negra.  Foi incrível assistir!  

Por meio da April, o filme traz uma forte representatividade negra, que ressoa  naquelas pessoas que também querem seguir os caminhos do jornalismo. A  presença da personagem na trama adiciona diversas camadas na história e  eleva ainda mais o impacto social da produção.  

“As Tartarugas Ninja: Caos Mutante” é uma animação que te prende do início ao  fim. Cada cena é muito bem elaborada, mostrando o humor caótico e jovial  durante todo o filme. Cada momento é repleto de detalhes que somam para uma  obra cativante e, por vezes, bizarra, do universo que os cineastas construíram.  

Por fim, o filme é um refresco na cena cinematográfica contemporânea. Por meio  das pautas levantadas, o filme apresenta uma visão inspiradora sobre o  jornalismo e a importância da representatividade, destacando o mais recente  lançamento das tartarugas como uma obra relevante e impactante, mantendo  sua essência clássica de Tartarugas Ninja e adicionando novas dimensões à  narrativa, tornando o chamativo tanto para os novos quanto para os antigos fãs.

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