Azoilda presente!

Foi com imenso pesar que recebemos a notícia do falecimento da companheira Azoilda Loretto da Trindade, a Azo como era conhecida por militantes do movimento negro.

Como ativista da luta contra o racismo e com atuação voltada à educação das relações raciais, Azo tinha no acolhimento, na sensibilidade e no cuidado princípios que orientaram suas ações na educação pública, no ensino superior, nas consultorias, nos diversos textos e artigos que produziu, nas reuniões e ações do movimento negro brasileiro.

Azo teve a “… capacidade de afetar e ser afetada pelo outro”, materializando suas próprias palavras, pois compreendia que afetar e ser afetado “…ocorre em todo momento no mundo, num mundo que não é estático, imóvel, parado, imutável…” o que certamente ocorreu nos diversos locais por onde passou e com as inúmeras pessoas que encontrou/tocou/trocou/formou/transformou, forjando compromissos com a construção de uma nova sociedade, baseada na igualdade, respeito, valorização e no diálogo com as diferenças.

Como uma possibilidade de tocar o outro é que pode ser compreendida a participação de Azo no projeto A Cor da Cultura, do qual foi coordenadora pedagógica e que expressa seus compromissos e de outros ativistas antirracistas, com uma educação livre de preconceitos e racismo, igualitária e acolhedora de todas as pessoas, assim como seu compromisso em ampliar o conhecimento e a compreensão da história da África e da população negra brasileira. Através do projeto A Cor da Cultura, Azo apresentou os Valores Civilizatórios Afro-brasileiros – circularidade, religiosidade, corporeidade, musicalidade, memória, ancestralidade, cooperativismo, oralidade, energia vital e ludicidade – princípios que possibilitam o tocar e ser tocado; permitem a realização de práticas docentes comprometidas com uma educação sem discriminações e racismos, e que também proporcionam a expressão da emoção, amizade, sentimento, a circularidade, a corporalidade, o afeto, a espiritualidade, ou seja, componentes que integram a educação mas vistos como irrelevantes e são menosprezados, mas que na realidade são  imprescindíveis para a descoberta do novo e para a construção de uma nova sociedade.

Por seus compromissos e por toda contribuição intelectual ao ativismo negro, mas principalmente pela dedicação, amor, amizade, solidariedade e compaixão é que dizemos: AZO PRESENTE!

 

ALGUMAS INDICAÇÕES DE TEXTOS de AZOILDA LORETTO DA TRINDADE

O racismo no cotidiano escolar. Dissertação de mestrado. Fundação Getúlio Vargas, 1994.

Disponível em: http://bibliotecadigital.fgv.br/dspace/bitstream/handle/10438/8948/000304120.pdf?sequence=1

A formação da imagem da mulher negra na mídia. Tese de Doutorado. UFRJ. 2005.

Disponível em: http://www.pos.eco.ufrj.br/publicacoes/doutorado/teses_2005.html#2

Um intelectual brasileiro educado para o mando: uma conversa com Milton Santos – Entrevista realizada por Azoilda Loretto da Trindade e Katia Santos . Disponível em: http://www.geledes.org.br/um-intelectual-brasileiro-educado-para-o-mando-uma-conversa-com-milton-santos/#gs.d8bed223f967496caf087a09f440c0d8

Educação-Diversidade-Igualdade: num tempo de encanto pelas diferenças. Disponivel em: http://www4.faac.unesp.br/publicacoes/anais-comunicacao/textos/46.pdf

Coletânea Africanidades brasileiras e educação, organizada por Azoilda Loretto Trindade.

Disponível em: http://cdnbi.tvescola.org.br/resources/VMSResources/contents/document/publicationsSeries/1426109893818.pdf

 

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