Benjamim de Oliveira: O primeiro palhaço negro do Brasil

Benjamim significa o filho da felicidade e Benjamim de Oliveira, negro, criança ainda quando a Lei Áurea imperava em território nacional, aban

donou o lar aos 12 anos e juntou-se à troupe do Circo Sotero, atuando em números de trapézio e de acrobacia, fazendo nascer o primeiro palhaço negro do Brasil e, de acordo com o pesquisador Brício de Abreu, o primeiro palhaço negro do mundo.

Além de seus números de clown e acrobacia, Benjamim cantava, atuava e até escreveu peças de teatro. Suas múltiplas habilidades o transformaram, também, no primeiro artista negro do cinema brasileiro. “Minha existência poderia ter ficado encoberta pelas muitas montanhas que encobrem as Minas Gerais se, um dia, uma trupe de circo não tivesse passado por lá”, disse ele um dia.

Benjamin Chaves, posteriormente conhecido como Benjamin de Oliveira – “Oliveira” adotado do nome do artista Severino de Oliveira, seu orientador no circo -, nasceu em Pará de Minas, no estado de Minas Gerais, no dia 11 de junho de 1870. Foi o quarto filho de Malaquias e da escrava Leandra. Encerrou sua carreira no circo na década de 1940 e morreu no Rio de Janeiro 3 de maio de 1954.

No começo, no lugar de gargalhadas, ouviu vaias. Resistiu e transformou-se no principal nome do circo brasileiro, sendo aclamado como o rei dos palhaços no Brasil e respeitado por homens de teatro como Procópio Ferreira.

O circo-teatro, introduzido no Rio de Janeiro por Benjamim Oliveira, teve o seu apogeu entre os anos de 1918 e 1938. Ele começou com paródias de operetas e contos de fadas teatralizados, chegando à apresentação de peças de Shakespeare e á representação de Cristo, na Semana Santa. Essa versatilidade fez com que a obra de Benjamim de Oliveira marcasse uma revolução no circo brasileiro.

Nos entreatos cantava lundus, chulas e modinhas, especialmente de seu amigo Catulo da Paixão Cearense, acompanhando-se ao violão. Deixou gravadas algumas músicas na Columbia, por volta de 1910, como o monólogo Caipira mineiro, os lundus As comparações e O baiano na rocha, este em duo com Mário Pinheiro.

Para saber mais:

Benjamim, o filho da felicidade, de Heloísa Pires Lima da Coleção De repente, com histórias de vidas que mudaram da noite para o dia.
Entre a Europa e a África: a invenção do carioca, de Antonio Herculano Lopes, Topbooks

As múltiplas linguagens na teatralidade circense – Benjamim de Oliveira e o circo-teatro no Brasil no final do século XIX e início do XX, tese de doutorado Unicamp, de Ermínia Silva

Enciclopédia Brasileira da Diáspora Africana, de Nei Lopes, Selo Negro,
O circo no Brasil, de AntonioTorres, Funarte/Atração
Revista da Semana 07/10/1944

Foto em destaque: Reprodução/ Grimaldi

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