Mônica Francisco *
Deparei-me com uma citação em um importante portal de notícias, o Geledés, a respeito de um livro de crônicas de uma jornalista portuguesa, mencionando a “tristeza” brasileira.
A citação traz o olhar de quem viveu três anos por aqui, desbravando nossos rincões, e diz que o brasileiro aprendeu a dominar sua tristeza. Pois é, de alguma forma isso é bem verdade.
Aprendemos a dar a tão famosa volta por cima e sacudir a poeira de pé. Acho que o famoso jeitinho brasileiro nada mais é do que a nossa capacidade de driblar a tristeza da falta de oportunidades iguais para todos e todas.
De lidar com o descaso cotidiano nos serviços mais essenciais, de se ver ameaçado e por vezes violentado por quem nos deveria proteger.
Desenvolver mecanismos para dar a volta no embaraço ao sermos confrontados com uma população de cidade de interior, formada por crianças que vivem em nossas ruas.
Esse banzo crônico da saudade de um lugar onde poderíamos ser melhores, mais iguais e solidários.
Onde ter os filhos do trabalhador mudando sua história e fazendo história, seja motivo de festa.
Onde ter uma população jovem, pobre e negra sendo dizimada, fosse motivo de comoção, vergonha e arrependimento nacional.
Que nestes últimos dias de 2014, busquemos um jeitinho de ser mais alegres, mas dessa vez de verdade.
“A nossa luta é todo dia. Favela é cidade. Não aos Autos de Resistência, à GENTRIFICAÇÃO e ao RACISMO, ao RACISMO INSTITUCIONAL, ao VOTO OBRIGATÓRIO e à REDUÇÃO DA MAIORIDADE PENAL e à REMOÇÃO!”
*Membro da Rede de Instituições do Borel, Coordenadora do Grupo Arteiras e Consultora na ONG ASPLANDE.(Twitter/@ MncaSFrancisco)
Fonte: Jornal do Brasil
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