Busquemos um jeitinho de sermos mais alegres, mas dessa vez de verdade

Mônica Francisco *

Deparei-me com uma citação em um importante portal de notícias, o Geledés, a respeito de um livro de crônicas de uma jornalista portuguesa, mencionando a “tristeza” brasileira.

A citação traz o olhar de quem viveu três anos por aqui, desbravando nossos rincões, e diz que o brasileiro aprendeu a dominar sua tristeza. Pois é, de alguma forma isso é bem verdade.

Aprendemos a dar a tão famosa volta por cima e sacudir a poeira de pé. Acho que o famoso jeitinho brasileiro nada mais é do que a nossa capacidade de driblar a tristeza da falta de oportunidades iguais para todos e todas.

De lidar com o descaso cotidiano nos serviços mais essenciais, de se ver ameaçado e por vezes violentado por quem nos deveria proteger.

Desenvolver mecanismos para dar a volta no embaraço ao sermos confrontados com uma população de cidade de interior, formada por crianças que vivem em nossas ruas.

Esse banzo crônico da saudade de um lugar onde poderíamos ser melhores, mais iguais e solidários.

Onde ter os filhos do trabalhador mudando sua história e fazendo história, seja motivo de festa.

Onde ter uma população jovem, pobre e negra sendo dizimada, fosse motivo de comoção, vergonha e arrependimento nacional.

Que nestes últimos dias de 2014, busquemos um jeitinho de ser mais alegres, mas dessa vez de verdade.

“A nossa luta é todo dia. Favela é cidade. Não aos Autos de Resistência, à GENTRIFICAÇÃO e ao RACISMO, ao RACISMO INSTITUCIONAL, ao VOTO OBRIGATÓRIO e à REDUÇÃO DA MAIORIDADE PENAL e à REMOÇÃO!”

*Membro da Rede de Instituições do Borel, Coordenadora do Grupo Arteiras e Consultora na ONG ASPLANDE.(Twitter/@ MncaSFrancisco)

 

Fonte: Jornal do Brasil

Leia mais…

“O Brasil não é alegre. É triste”, diz escritora portuguesa – Por: Ricardo Viel

+ sobre o tema

Sakamoto: Depois de muito tempo, este blog desce do pedestal e responde a um leitor

por Leonardo Sakamoto Detesto fazer o que chamo...

TIRIRICA E SARNEY

Por: Luis Fernando Veríssimo Richard Nixon certa vez...

Fica MUF: Museu de Favela está perdendo seu espaço

A ONG Museu de Favela - MUF é uma...

para lembrar

Manifestações de intolerância crescem no mundo, e aqui não é diferente

Mônica Francisco* Esta semana continua fervendo com o calor típico...

A proteção ao mercado e o crime expresso pela cor

O Brasil, a cada dia que passa, evidencia ainda...

Dia da Mulher Negra, Latina e Caribenha: uma data para reflexões

Neste sábado comemorou-se o Dia da Mulher Negra, Latina...

A hora de pôr os pés no chão: a favela mudou

Por: Mônica Francisco * A escrita desta coluna é uma tarefa difícil,...

Combater o racismo é lei no Rio de Janeiro

Enfrentar toda forma de discriminação e preconceito é responsabilidade de toda sociedade dita civilizada. Trago em minha trajetória o combate veemente às chagas que...

Mônica Francisco, eleita no Rio: ‘Minha eleição é consequência de uma trajetória’

Ativista, pastora e feminista, ex-assessora de Marielle Franco foi eleita deputada estadual no Rio de Janeiro com mais de 40 mil votos. Por Leda Antunes, no...

A dororidade e a dor que só as mulheres negras reconhecem

"Boa noite, Vilma. Seu livro mostrou meu não lugar... não tenho a branquidade de Schuma Schumacher (escritora e feminista), nem a vivência das Pretas....
-+=