A cada mil mulheres, um homem tem câncer de mama

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Por Yuri Silva Do Atarde

O professor Maurício Tavares intercala emoção e um humor ácido ao falar do câncer de mama que precisou enfrentar no ano passado, aos 59 anos. Na época do diagnóstico, no entanto, o sentimento predominante, passado o susto da notícia, foi o medo da morte.

Tavares literalmente perdeu o sono – ficou dois meses sem pregar o olho, conta ele à equipe de reportagem de A TARDE – só de pensar nessa possibilidade.

“Fiquei muito tempo com insônia e nem podia tomar remédio forte, porque sou diabético. Tomo insulina e, caso tivesse hipoglicemia, poderia não acordar à noite”, ele relata, emocionado.

O professor faz parte de um grupo restrito de homens baianos, já que o câncer de mama é doença rara no mundo masculino. No ano passado, a Secretaria Estadual da Saúde (Sesab) registrou apenas 29 casos do tipo. Em 2013, foram 35 e, em 2012, 45. Já em 2015, até o mês de junho, a secretaria contabilizou 12 casos.

De acordo com levantamento feito pelo Núcleo de Oncologia da Bahia (NOB), a cada mil casos de tumor de mama feminino, um caso igual é registrado entre os homens no estado.

“Essa proporção é mais ou menos equivalente ao que a literatura médica vem publicando”, explica a oncologista Clarissa Mathias, uma das diretoras do NOB.

Tratamento

Para Maurício Tavares, o diagnóstico foi rápido, apesar da desinformação que existe sobre o assunto. Ele identificou um nódulo duro no seio esquerdo enquanto se apalpava e, ao pesquisar na internet a textura de um tumor canceroso, desconfiou que tratava-se de um câncer. A confirmação veio com a realização de mamografia e ultrassonografia.

Depois, uma biópsia identificou o estágio inicial da doença. “Tinha menos de dois centímetros, mas tinha  urgência em tirar logo”, lembra Tavares. Em cerca de dois meses, contando a partir do dia descoberta, ele fez a cirurgia. Entrou no hospital pela manhã e no final do mesmo dia teve alta.

Depois, veio o período de recuperação e a continuidade do tratamento. O professor ainda precisou usar um cateter e teve uma cicatrização mais lenta, por causa da diabetes, doença com a qual convive há 30 anos.

Fez, ainda, seis sessões de quimioterapia – uma a cada 21 dias, sofrendo com enjoos – e atualmente toma hormônios para evitar que o câncer retorne. Esse, segundo os especialistas, é um tratamento-padrão e dura cinco anos.

Agora, passado o impacto  do diagnóstico e do tratamento, Maurício usa o humor para lidar melhor com a experiência que teve.

Ao falar sobre os efeitos colaterais dos fortes remédios usados durante a quimioterapia e da baixa autoestima após a retirada de parte do seio esquerdo, faz piada: “Meu cabelo não caiu, mas era o que eu tinha mais medo, porque tenho um cabeção e não ia ficar bom careca”, diverte-se.

Ele exibe a cicatriz sem vergonha, apesar de, certas vezes, evitar o banho de mar sem camisa. “O problema não é mostrar, mas as pessoas ficarem perguntando o que é isso”, afirma. “Esse problema de vaidade, que afeta as mulheres, eu não tive. Não sou exatamente um galã e minha barriga já tinha destruído minha autoestima”, ri alto, mostrando-se aliviado.

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