Cai número de alunos de escola pública na USP

Por: FÁBIO TAKAHASHI
DE SÃO PAULO

ANDRESSA TAFFAREL
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Apesar dos bônus concedidos, proporção desses estudantes passou de 30,01% em 2009 para 25,64% neste ano

Para pró-reitora de graduação, motivo está no maior número de vagas em universidades federais e no Prouni

A proporção de estudantes de colégios públicos caiu entre os aprovados na USP neste ano. A participação recuou ao nível de 2006, período anterior ao programa que concede bônus a esses estudantes na nota do vestibular.

Considerada elitista, a instituição adotou o bônus em resposta à demanda de alunos pobres por cotas (reserva de vagas). Apesar de 85% dos alunos do ensino médio do país estudarem no sistema público, esses estudantes são apenas 26% dos aprovados na Fuvest em 2010. Em 2009, eram 30,1%.

A universidade começou concedendo 3% de bônus e elevou a até 12% a partir do exame do ano passado.

O incentivo, porém, não foi suficiente para manter o crescimento da participação do sistema público entre os aprovados. Não conseguiu nem atrair mais alunos ao vestibular -desde 2007 cai o número de inscritos da rede.

A pró-reitora de graduação, Telma Zorn, afirma que a USP trabalha “para que venham mais alunos de escola pública, mas não vamos nos prender a números. Foi satisfatório”. Segundo ela, que apresentou os dados ontem, “o que nos anima é que são alunos de qualidade”.
Para Zorn, a queda de inscritos, que impacta nas aprovações, ocorre porque atualmente há mais opções para os alunos de escola pública -como mais vagas nas universidades federais em SP e o ProUni (bolsas federais em universidade privada).

CRÍTICAS
Pesquisador da área de ensino superior, Oscar Hipólito afirma que o programa de inclusão social da USP (Inclusp) “aparenta esgotamento, pois nem consegue atrair os alunos para o vestibular”.

Para ele, com a concessão de bônus nos últimos anos, tem diminuído o número de alunos bem preparados que estavam prestes a entrar, mas que ficavam fora devido a poucos pontos. Hipólito defende que a USP rediscuta seu projeto, mas critica as cotas. “É preciso que haja mérito”, diz ele, do Instituto Lobo e ex-diretor do Instituto de Física da USP-São Carlos.

Coordenador da ONG Educafro (que sustenta cursinhos populares), frei Davi Santos cobra da USP a implementação de cotas. Santos afirma que recomenda aos seu cerca de 6.500 alunos que não prestem USP. “Eles só ficam humilhados, numa prova feita sob medida a cursinhos caros e que não considera o aprender no viver diário.”

Marilá Barbosa, 21, aluna de escola pública, tentará vaga em duas estaduais, mas não na USP. “É um padrão muito alto para mim”, diz.

Colaborou FABIANA REWALD

 

Fonte: Folha de S.Paulo

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